Gigante financeiro do País, com cerca de 100 milhões de clientes, o Itaú resolveu apostar todas as suas fichas na nuvem. O banco anunciou o plano de migrar 100% de suas aplicações para nuvem, tendo a AWS como principal parceira nesse processo. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (4) por Ricardo Guerra, CIO do Itaú, durante o AWS re:Invent 2024, evento que ocorre nesta semana em Las Vegas (EUA).
Em conversa com jornalistas, Guerra afirmou que a decisão pela migração completa não é apenas tecnológica, mas também está ligada a questões de transformação digital, inovação e de cultura da empresa. “Vimos ao longo dos últimos anos muitas empresas tendo que lidar com as transformações do consumidor, com a chegada de novas empresas, entregando valor de uma forma diferente. Começamos a ter discussões internas sobre como se adaptar a esses novos cenários, e entramos em um processo bem agressivo de transformação, que passa também pela modernização tecnológica”, disse.
Atualmente, 65% de todos os processos digitais do Itaú já estão na nuvem. O plano é chegar a 100% até 2028. “Esses 35% restantes são uma operação mais complexa. Pois a migração envolve transferir processos de dados que rodam na madrugada, em ambientes de mainframe. São tecnologias muito antigas, mas que ainda são usadas no setor bancário, pois são uma herança dos anos 70 e 80. E modernizar essas aplicações é trabalhoso”, detalhou.
Guerra, apontou ainda que a modernização também tem a ver com a questão de mão de obra. “As coisas vão ficando mais antigas. Para quê treinar pessoas para manter sistemas antigos, se posso contratar pessoas que já conhecem das tecnologias atuais? Há ainda questões de escala. Quanto mais tecnologias diferentes eu tenho, mais complexo é o ambiente. É mais complexo integrar tecnologias de cloud ao mainframe. Com uma só plataforma, fica tudo mais simples“, acrescentou.
Datacenters continuam, por enquanto
Com os planos de migração a serem concluídos em 2028, em tese o Itaú não precisaria mais manter datacenters. Mas essa decisão ainda não foi tomada e deve ficar para o longo prazo, segundo Guerra.
“Atualmente, temos serviços que fornecemos e nossos datacenters geram receita. O plano é mantê-los até por conta de segurança, afinal, o mundo da tecnologia é dinâmico. Se eles estão funcionando e não geram grandes custos nem riscos, não há razão para se desfazer deles. Caso tudo dê certo com a migração até 2028, precisaremos de uns dois anos a mais, para garantirmos que tudo está funcionando. E depois podemos analisar a questão, mas aí já estaremos em 2030”, disse.