O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) oficializou nesta terça-feira, 29, sua candidatura à presidência da Câmara dos Deputados em uma conferência realizada na sede do partido. Mais cedo, ele recebeu a confirmação do apoio do presidente da Casa, Arthur Lira (Progressistas-AL).
O nome de Motta já era apontado como certo há cerca de dois meses, quando o presidente nacional da legenda, o deputado federal Marcos Pereira (Republicanos-SP), retirou sua candidatura. A escolha do paraibano ocorreu em meio à resistência de parte do PT e do baixo clero ao nome preferido de Lira, o deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-SP).
Em coletiva, Hugo Motta reafirmou seu compromisso em articular a convergência na Câmara, caso seja eleito, e disse que não considera justo o envolvimento de pautas ideológicas na eleição para a Mesa Diretora. Ele afirmou não ser contra a proposta, mas defendeu a discussão de um relatório de consenso.
“Misturar um tema tão importante e complexo como esse projeto com as eleições para a Mesa Diretora não é justo. Primeiro porque temos desafios que vão além da discussão do projeto de lei, que são as pautas que certamente chegarão ao Congresso Nacional. Temos um presidente da Câmara atual que decidiu instalar essa comissão especial para que o tema fosse melhor discutido”, afirmou.
“Eu não vejo o assunto, por mais importante que seja, como o único ponto a ser levado em consideração. Não estamos assumindo um compromisso contrário ao PL da Anistia, estamos dizendo que será discutido”, concluiu Motta.
A declaração veio após a decisão de Lira, que, mais cedo, criou uma comissão especial para analisar a proposta. O texto prevê anistia para condenados pelos ataques de 8 de janeiro e pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), um dos investigados por suposta participação intelectual nos atos antidemocráticos.
Visando apoio amplo a Motta, Arthur Lira acenou aos bolsonaristas e garantiu que colocaria o texto em votação ainda neste ano. Com a decisão, a proposta volta à estaca zero e não deve ser mais pautada em 2024.
Aos jornalistas, Hugo Motta negou ter se comprometido com o texto em troca de apoio, mas afirmou que não podem ocorrer “injustiças” nas condenações.
“Não diria apenas do ponto de vista político, mas no Judiciário. Tivemos um episódio triste, que foi o 8 de janeiro, mas não podemos permitir que injustiças sejam cometidas contra pessoas que receberam condenações acima daquilo que seria justo”, declarou.
A decisão incomodou grande parte da bancada do PL, que havia demandado o projeto a Lira. Em compensação, a medida é vista como um aceno ao PT, um dos principais alvos dos candidatos.
Mesmo com a insatisfação do PL e a indefinição do PT, Motta diz estar confiante no apoio dos partidos.
“É um processo democrático. Mas nós temos a confiança de que, com as conversas que tivemos essa semana com as lideranças do partido, que o PT caminhará conosco nessa disputa, não tenho a menor dúvida disso. Assim como também confiamos no apoio do PL, que também tem sua dinâmica interna de decisão”.