PUBLICIDADE

A primeira viagem internacional do papa Francisco e sua proximidade com o Brasil

Istoé | 21/04/2025 15:14
Divulgação
Divulgação

No dia 22 de julho de 2013, o papa Francisco desembarcou no Brasil, seu primeiro destino internacional como pontífice. O Rio de Janeiro foi o lugar escolhido pelo primeiro líder latinoamericano da Igreja Católica.

À época com 76 anos, o papa Francisco discursou na 28ª Jornada Mundial da Juventude. Bem-humorado, respondeu a jornalistas que mencionaram a rivalidade futebolística entre o Brasil e a Argentina. “Vocês [brasileiros] já têm um Deus brasileiro, querem um papa também?”, brincou.

Ao lado de Dilma Rousseff, então chefe do Executivo Brasileiro, o papa Francisco iniciou seu discurso. “Quis Deus na sua amorosa providência que a primeira viagem internacional do meu pontificado me consentisse voltar à amada América Latina, precisamente ao Brasil, nação que se gloria de seus sólidos laços com a Sé Apostólica”, discorreu o pontífice.

“Nesta hora, os braços do papa se alargam para abraçar a inteira nação brasileira, na sua complexa riqueza humana, cultural e religiosa. Desde a Amazônia até os pampas, dos sertões até o Pantanal, dos vilarejos até as metrópoles, ninguém se sinta excluído do afeto do papa. Desde já abençoo a todos.”

A relação entre Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, e o Brasil já era antiga. Devoto de Nossa Senhora Aparecida, viajou dois dias depois à cidade que carrega o nome da santa, no interior de São Paulo, onde já estivera em 2007, e realizou sua primeira missa pública na América Latina. Parte do discurso focalizou os jovens, chamados de ‘motor poderoso’ para a Igreja Católica.

Durante sua passagem pelo Brasil, o Papa Francisco realizou um marcante discurso na Favela da Varginha, localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro. Em um gesto simbólico de proximidade com os fiéis, também ouviu confissões de jovens provenientes de diversos continentes, selecionados por meio de sorteio.

No sétimo e último dia de sua visita ao país, o pontífice celebrou a Missa de Encerramento da Jornada Mundial da Juventude na icônica Praia de Copacabana, diante de uma multidão estimada em 3 milhões de pessoas.

A calorosa recepção do povo brasileiro deixou profunda impressão em Francisco. Em pronunciamentos posteriores, agradeceu ao Brasil pela acolhida afetuosa, descrevendo os brasileiros como um povo “generoso” e de “grande coração”. Já no mês seguinte, durante uma missa no Vaticano, voltou a se referir ao país vizinho à sua terra natal, a Argentina, classificando a viagem como “um grande presente”.

Política e canonização da primeira santa brasileira

O Papa Francisco canonizou Irmã Dulce em 2019, tornando-a a primeira santa nascida no Brasil. A cerimônia aconteceu no Vaticano e contou com a presença do então vice-presidente Hamilton Mourão, que representava o governo brasileiro na ocasião. Com dois milagres reconhecidos pela Igreja, Irmã Dulce passou a ser chamada de Sanda Dulce dos Pobres.

Em 2014, o pontífice proclamou santo o jesuíta espanhol José de Anchieta. Reconhecido como patrono da cidade de São Paulo e aclamado como o “Apóstolo do Brasil”, Anchieta destacou-se por sua incansável atuação missionária no território brasileiro, em especial na região que viria a se tornar a metrópole paulistana, da qual foi um dos fundadores. Embora de origem espanhola, toda a sua produção religiosa e literária encontra-se profundamente enraizada no contexto histórico, cultural e espiritual do Brasil.

A relação entre o Papa Francisco e o Brasil inclui interações com diferentes governos. Ele recebeu presidentes brasileiros no Vaticano, como Dilma Rousseff, Michel Temer e Luiz Inácio Lula da Silva, visitas que ocorreram em eventos distintos.

Com o governo atual, do presidente Lula, o papa manteve canal de diálogo aberto. Em encontros recentes, os dois discutiram questões como desigualdade, meio ambiente e democracia. O presidente Lula também participou de uma audiência com Francisco em 2023.

Quem foi Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco?

Jorge Mario Bergoglio nasceu em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, Argentina.

Filho de Mario José Bergoglio, um contador ferroviário nascido na Itália, e de Regina María Sívori, argentina de origem italiana. Ele era o mais velho de cinco irmãos.

Durante a juventude, estudou em uma escola técnica e se formou como técnico químico antes de seguir a vocação religiosa.

Em 1958, ingressou na Companhia de Jesus (ordem dos jesuítas), e se destacou por sua inteligência e disciplina.

Estudou filosofia e teologia, e foi ordenado sacerdote em 13 de dezembro de 1969. Atuou como professor, reitor e formador de noviços.

Também foi nomeado provincial dos jesuítas na Argentina entre 1973 e 1979, cargo de liderança importante dentro da ordem.

Ao longo de sua vida religiosa, ficou conhecido por seu estilo simples, sua preocupação com os pobres e a justiça social.

Costumava cozinhar sua própria comida e usava transporte público, mesmo após ser nomeado arcebispo de Buenos Aires em 1998.

Foi feito cardeal em 2001 pelo Papa João Paulo II.

Em 13 de março de 2013, foi eleito Papa, adotando o nome Francisco, tornando-se o primeiro papa latino-americano, o primeiro jesuíta e o primeiro a escolher esse nome.

O argentino não escolheu esse nome sem motivo: como nenhum Santo Padre antes dele, defendeu os refugiados e os sem-teto e lutou pela proteção da Criação e do clima. Com isso, impressionou o mundo.

*Com informações da AFP e Reuters

mais notícias
PUBLICIDADE