Trump elogia Lula e diz que teve conversa 'muito boa': 'Gosto dele'
Líderes
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (2) que teve "uma conversa muito boa" com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com Trump, os dois conversaram sobre temas como comércio e sanções impostas a autoridades brasileiras.
Ao ser questionado por jornalistas, o presidente dos EUA afirmou que:
"Falamos sobre comércio. Falamos sobre sanções porque, como você sabe, eu impus sanções relacionadas a certas coisas que aconteceram". [...] “Mas tivemos uma conversa muito boa. Eu gosto dele, muito bom. Tivemos algumas boas reuniões, como você sabe, mas hoje tivemos uma conversa muito boa.”
O presidente Lula telefonou para o presidente norte-americano, Donald Trump, nesta terça-feira (2), e pediu que os Estados Unidos revoguem as tarifas que ainda incidem sobre os produtos brasileiros. Os líderes também falaram sobre combate ao crime organizado internacional.
Foi a primeira vez que o brasileiro tratou do tema da segurança diretamente com Trump e, como pano de fundo, há uma preocupação do Brasil com a escalada da crise entre o país norte-americano e a Venezuela, após tropas estadunidenses terem intensificado ações no mar do Caribe contra organizações criminosas. O receio é de que o conflito possa chegar na América do Sul e afetar países vizinhos.
É a terceira conversa entre os chefes dos dois países, após o tarifaço norte-americano em cima das exportações brasileiras. Fontes ligadas ao Itamaraty classificaram o novo contato como "cordial" e respeitoso e disseram que a ligação foi negociada entre os dois presidentes depois da última conversa em outubro, quando Lula ficou com o telefone direto de Trump.
Na ligação feita nesta terça-feira, que durou 40 minutos, Lula considerou como "muito positiva" a decisão dos Estados Unidos de revogar a tarifa de 40% em cima de produtos como carne, café e frutas, mas ressaltou que outros itens ainda são alvo de tarifas adicionais e que isso precisa ser discutido entre os dois países. O petista afirmou que o Brasil deseja avançar rápido nessas negociações.
Segurança
Em relação ao combate ao crime organizado, Lula frisou a necessidade de reforçar a cooperação com os Estados Unidos. O presidente brasileiro citou recentes operações do governo para "asfixiar" financeiramente facções, como a atuação do PCC no setor de combustíveis.
Lula frisou que os órgãos de segurança identificaram grupos que atuam a partir do exterior. O Planalto disse queTrump ressaltou "total disposição" em trabalhar conjuntamente com o Brasil e disse que vai dar apoio a iniciativas bilaterais para enfrentar organizações criminosas.
A pós-doutora em direito Internacional, Priscila Caneparo, destaca que Lula está preocupado com os efeitos da crise entre os Estados Unidos e a Venezuela.
"Obviamente, o Brasil quer mostrar que ele consegue garantir a questão da segurança em relação à contextualidade da América do Sul - lembrando que nós não tivemos nenhuma intervenção militar no contexto da América do Sul - e fazer com que haja uma sinalização de cooperação mais fortalecida", analisa.
O governo destacou que houve consenso entre Lula e Trump de que novas conversas sobre esses dois temas, sobre tarifas e combate ao crime, devem ser realizadas em breve.