Rússia afirma que não chegou em nenhum acordo durante reunião com autoridades dos EUA
Guerra na Ucrânia
Diversas autoridades americanas realizaram reuniões com ministros da Rússia e o presidente Vladimir Putin sobre a guerra na Ucrânia. Apesar disso, as conversas não resultaram em nenhum acordo, de acordo com o próprio Kremlin.
O conselheiro russo Yuri Ushakov disse que 'nenhum compromisso' foi feito até agora, mas algumas propostas apresentadas pelos Estados Unidos seriam debatidas. Mesmo assim, ele acredita que o encontro tenha sido 'útil'.
Durante sua coletiva de imprensa diária, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que seria errado afirmar que Putin rejeitou o plano proposto pelos EUA que foi discutido. As conversas representaram apenas uma primeira troca de opiniões, acrescentou ele.
Do lado americano, o secretário de Estado, Marco Rubio, comentou que a conversa rendeu 'alguns avanços', sem especificar quais seriam eles.
As reuniões ocorreram em meio a uma polêmica afirmação de Putin ao dizer que, se a Europa quer entrar em guerra, 'a Rússia está pronta'.
A afirmação ocorreu em um fórum de investimentos em Moscou em um momento que autoridades americanas estão no país para discutir a proposta de paz na guerra na Ucrânia. Putin disse que os europeus não têm uma agenda de paz e estão do lado da guerra, e busca obter vantagens com a guerra na Ucrânia 'que são inaceitáveis para a Rússia'.
O presidente russo afirma que os europeus também estão dificultando os esforços da administração americana e de Donald Trump para chegar a um acordo de paz por meio de negociações.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d975fad146a14bbfad9e763717b09688/internal_photos/bs/2025/X/D/0dVCIrQ8CubJ1XaIaTAA/afp-20250208-36xd2nr-v1-midres-ukrainerussianatoconflictwardiplomacy.jpg)
Giuseppe Cavo Dragone, chefe do Comitê Militar da OTAN. — Foto: HANDOUT / UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE / AFP
Nessa segunda (1), o chefe do comitê militar da OTAN, organização militar que reúne Estados Unidos, países europeus e alguns outros membros, revelou que o grupo está considerando um ataque preventivo com a Rússia em breve. A informação foi revelada em entrevista ao Financial Times.
Segundo o almirante italiano Giuseppe Cavo Dragone, esse ataque seria 'em resposta a ataque híbridos' feitos pelos russos: 'Talvez devêssemos ser mais agressivos do que nosso adversário'.
'Estamos considerando agir de forma mais agressiva e preventiva, em vez de reativa', revelou.
Alguns diplomatas, especialmente de países do Leste Europeu, estão pedindo para que a OTAN comece um contra-ataque.
De acordo com Dragone, um 'ataque preventivo' pode ser considerado uma'ação defensiva'. Porém, completa, 'isso vai além da nossa maneira usual de pensar e agir'.
'Talvez devêssemos ser mais agressivos do que nosso adversário. As questões dizem respeito ao arcabouço legal, à jurisdição: quem fará isso?'
Durante a entrevista, a reportagem do Financial Times citou a missão Baltic Sentry da OTAN, que patrulha o Mar Báltico e impediu a recorrência de incidentes de corte de cabos. Dragone considerou a missão um sucesso, já que 'nada aconteceu'.
Apesar disso, ele admitiu que um dos problemas é que os países da OTAN têm 'muito mais restrições do que nossos adversários, devido à ética, às leis e à jurisdição'.
'Não quero dizer que esta seja uma posição perdedora, mas é mais complicada do que a do nosso adversário. Precisamos analisar minuciosamente como a dissuasão é alcançada: por meio de ações retaliatórias ou por meio de um ataque preventivo?', finalizou.
Do outro lado, a Rússia respondeu e disse que as falas são um caminho 'extremamente irresponsável'.
'Vemos nisso uma tentativa deliberada de minar os esforços para superar a crise ucraniana. As pessoas que fazem tais declarações devem estar cientes dos riscos e das possíveis consequências, inclusive para os próprios membros da organização', afirmou a porta-voz das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d975fad146a14bbfad9e763717b09688/internal_photos/bs/2025/i/y/EcENo6SfiYSAj0GMYVmA/000-69n77dw.jpg)
Putin e Trump na Base Conjunta Elmendorf-Richardson, em Anchorage (Alasca) — Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP