Nicolas Sarkozy chega a prisão e se torna primeiro ex-presidente francês detido
Preso
O ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, chegou na prisão de La Sante, em Paris, nesta terça-feira (21) para cumprir a sentença de cinco anos. Ele declarou sua inocência e deu as mãos à esposa antes de entrar na detenção.
Centenas de apoiadores gritaram 'Nicolas, Nicolas' e cantavam o hino nacional francês quando ele saiu de casa esta manhã e entrou no carro que o levaria para a prisão.
Enquanto se preparava para cumprir sua pena de prisão, ele postou uma mensagem nas redes sociais repetindo suas alegações de que é um 'homem inocente' e disse que sente uma 'profunda tristeza pela França'.
O ex-chefe de Estado é o primeiro a ser preso na França e foi condenado a cinco anos de prisão em primeira instância em setembro por conspiração criminosa relacionada ao suposto financiamento líbio de sua campanha presidencial de 2007. Ele recorreu da sentença, mas ainda permanecerá preso, com a pena prevista para execução provisória.
O advogado de Sarkozy, Christophe Ingrain, disse que o ex-presidente permanecerá preso por pelo menos três semanas a um mês. Segundo ele, um pedido de libertação foi imediatamente apresentado.
O tribunal de apelações de Paris tem, em teoria, dois meses para decidir se o libertará enquanto aguarda o julgamento da apelação, mas o prazo costuma ser menor.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d975fad146a14bbfad9e763717b09688/internal_photos/bs/2025/J/q/dbEnwwSyiKXi9gM20afQ/afp-20250925-76pa6wb-v1-midres-francejusticetrialpoliticslibyasarkozy.jpg)
Sarkozy chega para veredito de tribunal. — Foto: JULIEN DE ROSA / AFP
Um Tribunal de Paris considerou o ex-presidente da França Nicolas Sarkozy de ser parcialmente culpado por fazer um pacto de corrupção com o governo do falecido ditador da Líbia Muammar Gaddafi para receber financiamento para a campanha eleitoral presidencial francesa de 2007.
Ele foi considerado culpado por associação criminosa e teve pena de 5 anos de prisão. A defesa recorreu imediatamente, porém ele deverá cumprir a sentença de toda forma.
O ex-presidente teria recebido milhões de euros para colaboração na campanha em troca de apoiar também o governo africano. O regime líbio solicitou favores diplomáticos, jurídicos e comerciais.
Entre as propostas estavam de ajudar na imagem mundial de Muammar. O governo dele foi marcado por abusos nos direitos humanos e também por possível envolvimento de atentados contra aviões em Níger e na Escócia.
Em 2007, o recém-eleito Sarkozy recebeu Gaddafi em Paris, sendo o primeiro líder ocidental a recebê-lo em uma visita de Estado completa desde o congelamento das relações na década de 1980 devido ao seu status de pária como patrocinador do terrorismo de Estado.
A acusação ainda colocava ele como culpado de outros crimes, mas que não foram confirmados durante julgamento. Ele foi absolvido por corrupção passiva e financiamento ilegal de campanha.
A todo momento, Sarkozy negou qualquer irregularidade. Ele afirmou que deve apelar de forma imediata a decisão.
Além dele, mais 11 pessoas foram condenadas. Entre eles estão o aliado Claude Guéant e o ex-ministro Brice Hortefeux. Ambos teriam colaborado em diversas transferências em dinheiro e ajuda a autoridades da Líbia.
Antes de ser preso, Sarkozy se encontrou com o presidente francês Emmanuel Macron. O encontro teria ocorrido na sexta-feira, porém a confirmação ocorreu para o jornal Libération apenas nesta segunda (20).
A equipe presidencial afirmou apenas que 'foi realmente o que aconteceu' ao ser contatada pela reportagem, sem especificar circunstâncias ou conteúdo debatido.
A conversa não estava na agenda oficial de Macron. Desde a condenação de Sarkozy, o presidente francês não se manifestou sobre o caso, exceto para denunciar as ameaças que os magistrados receberam posteriormente.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d975fad146a14bbfad9e763717b09688/internal_photos/bs/2025/f/d/Qw4nZPSEOXbtUGE64zuw/afp-20250925-76pa6vk-v2-midres-topshotfrancejusticetrialpoliticslibyasarkozy.jpg)
Ex-presidente francês Nicolas Sarkozy durante julgamento. — Foto: JULIEN DE ROSA / AFP