Israel segue bombardeando Gaza e diz que não vai parar até ‘desmilitarizar’ o território
Israel prosseguiu com os bombardeios na Faixa de Gaza nesta terça-feira (26), depois de anunciar que pretende intensificar ainda mais sua ofensiva, até “desmilitarizar” e “desradicalizar” o território palestino governado pelo movimento islamista Hamas.
Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, 241 pessoas morreram nas últimas 24 horas em bombardeios israelenses.
Em Khan Yunis, no sul de Gaza, era possível observar a fumaça provocada pelos bombardeios.
O Exército israelense anunciou que visou, nas últimas horas, a mais de 100 alvos, incluindo acessos a túneis e posições militares do Hamas, em particular em Jabalia, no norte, e em Khan Yunis.
“O Hamas deve ser destruído, Gaza deve ser desmilitarizada, e a sociedade palestina deve ser desradicalizada. Estes são os três requisitos para a paz entre Israel e seus vizinhos palestinos em Gaza”, escreveu o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em um artigo publicado no Wall Street Journal.
O chefe do Estado-Maior do Exército israelense, Herzi Halevi, afirmou que a guerra “continuará por vários meses” e que Israel buscará “preservar [seus] ganhos por muito tempo”.
Na segunda-feira, durante uma visita às suas tropas em Gaza, Netanyahu anunciou que Israel estava prestes a “intensificar os combates nos próximos dias”.
A Faixa de Gaza, submetida a um cerco total por parte de Israel desde 9 de outubro, estava ainda mais isolada do resto do mundo nesta terça, devido a um novo corte nas telecomunicações fixas e na Internet, causado pela “continuação da agressão”, indicou a companhia palestina de telecomunicações.
A guerra obrigou 1,9 milhão de pessoas, ou seja, 85% da população de Gaza, a deixar suas casas, segundo a ONU.
– “Relatos comoventes” –
Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, ao todo, 20.915 pessoas, a maioria mulheres e menores de idade, morreram desde o começo das operações israelenses em Gaza, em 7 de outubro.
Israel iniciou sua ofensiva após uma incursão de combatentes islamistas que resultou na morte de 1.140 pessoas no sul do país, a maioria civis, de acordo com balanço da AFP baseado em dados israelenses.
O Hamas também sequestrou mais de 240 pessoas, das quais 129 permanecem em cativeiro em Gaza.
O Exército israelense informou que 158 militares morreram desde o início de sua ofensiva terrestre, em 27 de outubro.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), cujos funcionários visitaram na segunda-feira o hospital de Deir al Balah, no centro de Gaza, após o bombardeio a um campo de refugiados próximo, registrou “relatos comoventes” de famílias inteiras dizimadas, indicou o diretor-geral dessa agência da ONU, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
O bombardeio de domingo contra o acampamento de Al Maghazi matou 70 pessoas, segundo o Hamas. O Exército israelense disse que estava “investigando o incidente”.
A entrada de ajuda humanitária em Gaza não aumentou de maneira significativa, apesar da aprovação na sexta-feira, no Conselho de Segurança da ONU, de uma resolução que pede o envio “imediato, em grande escala e sem obstáculos” de material.
A ONU anunciou nesta terça-feira a nomeação da atual ministra neerlandesa de Finanças, Sigrid Kaag, para o cargo de coordenadora da entrega de assistência humanitária para o território palestino.
– Pressão em Israel –
Em Israel, a pressão aumenta para obter a libertação dos reféns. Parentes das pessoas sequestradas interromperam na segunda-feira o discurso de Netanyahu durante uma sessão especial do Parlamento, com gritos de “agora, agora”, depois que o chefe de Governo afirmou que precisa de mais tempo.
“E se fosse o seu filho?”, “80 dias, cada minuto é o inferno”, afirmavam os cartazes dos manifestantes.
O Hamas, considerado um grupo terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, exige o fim dos combates antes de iniciar novas negociações sobre uma troca de reféns por prisioneiros palestinos.
Os países mediadores, Egito e Catar, tentam obter uma nova trégua, depois da pausa do fim de novembro que permitiu a libertação em uma semana de 105 reféns em troca de 240 presos palestinos em Israel, além da entrada em Gaza de ajuda humanitária procedente do território egípcio.
Nesta terça-feira, o Exército israelense devolveu 80 corpos de palestinos mortos na guerra, retirados de valas comuns ou necrotérios de hospitais em Gaza para verificar que não se tratava de reféns.
– Bombardeios dos EUA no Iraque –
Os temores de que o conflito provoque uma escalada regional também aumentaram.
Os rebeldes huthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, informaram que realizaram o disparo de um míssil contra um navio cargueiro no Mar Vermelho e um ataque com drones contra Israel.
Horas depois, o Pentágono anunciou que o Exército americano derrubou uma dúzia de drones e cinco mísseis disparados pelos huthis contra embarcações no Mar Vermelho.
Enquanto isso, a fronteira entre Líbano e Israel registra trocas de disparos quase diárias entre o grupo Hezbollah, aliado do Hamas, e o Exército israelense. Nove soldados israelenses ficaram feridos nesta terça-feira em uma dessas trocas de agressões.
Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira que bombardearam três posições de grupos pró-Irã no Iraque. O governo iraquiano denunciou um “ato hostil” que matou um integrante das forças de segurança e deixou 18 feridos.