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Gleisi critica defensores da taxa de Trump: 'hora de distinguir patriotas de traidores'
Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais — Foto: EVARISTO SA / AFP
Política

Gleisi critica defensores da taxa de Trump: 'hora de distinguir patriotas de traidores'

CBN

Ministra cita nominalmente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e 'todos os cúmplices de Bolsonaro'.

A ministra da Secretaria das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou, em publicação nas redes sociais nesta quinta-feira (10), que é a 'hora que uma nação distingue os patriotas dos traidores'. Ela citou nominalmente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e 'todos os cúmplices de Bolsonaro'.

Segundo ela, 'estamos diante do maior ataque já feito ao Brasil em tempos de paz, visando a atingir não apenas nossa economia, mas a soberania nacional e a própria democracia'.

Veja a publicação completa:

'Quem está colocando ideologia acima dos interesses do país é o governador Tarcísio e todos os cúmplices de Bolsonaro que aplaudem o tarifaço de Trump contra o Brasil. Pensam apenas no proveito político que esperam tirar da chantagem do presidente do EUA, porque nunca se importaram de verdade com o país e o povo. Estamos diante do maior ataque já feito ao Brasil em tempos de paz, visando a atingir não apenas nossa economia, mas a soberania nacional e a própria democracia. É a continuação do golpe pelo qual Bolsonaro responde no STF, agora usando tarifas de um país estrangeiro para impor seu projeto ditatorial. É nessa hora que uma nação distingue os patriotas dos traidores. O editorial do Estadão não deixa dúvidas: “É absolutamente deplorável que ainda haja no Brasil quem defenda Trump, como recentemente fez o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (...) Eis aí o mal que faz ao Brasil um irresponsável como Bolsonaro, com a ajuda de todos os que lhe dão sustentação política com vista a herdar seu patrimônio eleitoral'.

Nesta quinta (10), Tarcísio de Freitas, respondeu às declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que o acusou de subserviência e o chamou de "vassalo ou candidato a vassalo".

Tarcísio voltou a atribuir ao governo Lula a responsabilidade pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, medida anunciada pelo presidente Donald Trump e que entra em vigor em 1º agosto.

O governador criticou a condução da política econômica federal e reconheceu que o chamado "tarifaço" deve impactar negativamente a economia paulista — já que os Estados Unidos são o principal destino das exportações produzidas no estado. Mas, informou que cabe ao governo federal conduzir as negociações.

'Primeiro, eu acho que ele tem que cuidar da economia. O Brasil não está indo bem, a gente tem um problema fiscal relevante, então acho que cabe a ele falar menos e trabalhar mais. Segundo, o tarifaço é eterno, principalmente para aqueles Estados que têm produção industrial de maior valor agregado. E a gente precisa, obviamente, sentar na mesa, deixar de lado as questões ideológicas, deixar de lado as questões políticas, deixar de lado o revanchismo e as narrativas'.

Tarcísio reconheceu que as tarifas impostas pelos Estados Unidos podem prejudicar diretamente a economia de São Paulo, especialmente setores como o da indústria aeronáutica. Ele citou a Embraer, que mantém negociações relevantes com o mercado norte-americano.

Aliado de Jair Bolsonaro, Tarcísio voltou a defender a inocência do ex-presidente, que é réu no Supremo Tribunal Federal no julgamento da tentativa de golpe de Estado. No entanto, o governador evitou vincular o tema político e jurídico às tarifas anunciadas pela Casa Branca.

Mais detalhes sobre a polêmica

Presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Donald Trump — Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil; Jim WATSON / AFP

Presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Donald Trump — Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil; Jim WATSON / AFP

Os bolsonaristas comemoraram a decisão do presidente americano, que põe em risco milhões de empregos no Brasil, para defender aliados ideológicos e big techs. Entre as 22 nações notificadas até agora pelos Estados Unidos na nova leva de tarifas, o Brasil é o país com a maior taxa. No geral, variam entre 20 e 40%.

Na mensagem enviada ao presidente Lula, Trump alegou que taxou as importações brasileiras por causa da postura do Supremo Tribunal Federal em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro, julgado por tentativa de golpe.

Lula fez uma reunião de emergência com vários ministros, mas nenhuma decisão foi tomada e ninguém falou com a imprensa.

Nas redes sociais, o presidente disse que "qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica". Essa lei autoriza o Poder Executivo, em acordo com o setor privado, a impor as mesmas tarifas aos Estados Unidos. Trump já avisou que se houver retaliação, vai aplicar novas sobretaxas.

Ao justificar a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, o presidente Donald Trump alegou que há “ataques insidiosos do Brasil contra as eleições livres e os direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos”.

O presidente americano disse também que a forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro é uma vergonha internacional e uma caça às bruxas que deve acabar "imediatamente". Nas redes sociais, Lula respondeu que o "Brasil é um país soberano, com instituições independentes, que não aceitará ser tutelado por ninguém".

O presidente lembrou que o processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de Estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais.

Donald Trump diz que o STF emitiu centenas de ordens de censura "secretas" e "ilegais" às plataformas de mídia social dos Estados Unidos, ameaçando-as com multas de milhões de dólares e expulsão do mercado brasileiro. Lula rebateu afirmando que, no Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas.

O presidente reiterou que a sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e contra a liberdade democrática nas redes sociais.

O vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, afirmou que as tarifas impostas por Trump são "injustificáveis".

CBN

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