Assine a newsletter
Desastre ambiental e atuação do senador Renan Calheiros travam venda da Braskem
Divulgação
Maceió

Desastre ambiental e atuação do senador Renan Calheiros travam venda da Braskem

Redação com Site da XP

Segundo análise divulgada neste mês de setembro, as ações da Braskem receberam recomendação neutra da XP Investimentos. Em relatórios, os analistas da casa escreveram que paira um sentimento de incerteza em relação à possível venda da fatia da Novonor (antiga Odebrecht) na petroquímica.

O estudo da XP indica um ponto relevante a ser considerado em sua avaliação sobre a Braskem: "Além da incerteza da venda da fatia da Novonor, o desastre geológico ocorrido em Alagoas após exploração da Braskem na região é outro fator negativo, já que pode trazer mais prejuízos à companhia".

Na avaliação da XP, contar com notícias positivas para a Braskem na área de fusões e aquisições “parece perigoso”, já que a saga da venda do controle acionário da Novonor dura mais de cinco anos.

Além disso, mesmo que ocorra uma transação, a avaliação da instituição financeira é que isso não necessariamente beneficiará os acionistas minoritários da petroquímica.

Tem mais: ainda de acordo com os analistas da corretora, a demanda fraca vista no setor petroquímico global é mais um motivo para a cautela.

“As ações parecem baratas quando olhamos para o ciclo normalizado, mas com os resultados pressionados no curto prazo, é difícil imaginar os preços subindo de forma sustentável até que o ciclo se inverta”, disseram os analistas em relatório sobre a Braskem. 

ASSUMINDO BRASKEM

Ao assumir a cobertura da Braskem, a XP Investimentos anunciou a seguinte posição:

"Vemos a Braskem como uma plataforma de ativos únicos, com um portfólio diversificado de produtos e operações competitivas em todo o mundo, enquanto as iniciativas verdes devem ser um impulsionador de retornos no médio a longo-prazo. A nossa recomendação neutra é apoiada principalmente pelas nossas expectativas de uma fraca dinâmica de lucros, impulsionada principalmente pelo ciclo de recessão na indústria, combinando fraqueza da demanda e excesso de capacidade da oferta. A alta alavancagem e os desembolsos dos eventos em Alagoas deverão contribuir para pressionar os resultados da empresa". 

CENÁRIO NEGATIVO

A XP acrescenta: "Além do pequeno potencial de valorização que o nosso preço-alvo implica, a nossa recomendação neutra é apoiada principalmente por uma dinâmica de lucros ruins, uma vez que o setor petroquímico enfrenta um cenário desafiador à medida que terminamos 2023 e entramos em 2024. A empresa tem uma elevada alavancagem e deve efetuar pagamentos relacionados ao evento de Alagoas (desastre ambiental nos bairrosa da região do Pinheiro) para os próximos anos, o que funciona como mais um vento desfavorável (e há riscos de que o passivo final da empresa aumente ainda mais). Finalmente, vemos potencial para mais revisões negativas nos números de consenso. Do lado positivo, a Braskem possui uma plataforma de ativos únicos com um portfólio diversificado de produtos e operações competitivas em todo o mundo, enquanto as iniciativas verdes devem ser um impulsionador de retornos de médio e longo prazo. 

CONSIDERANDO RISCOS

A XP admite: "O ciclo de recessão da indústria poderá ser diferente do esperado em termos de extensão e magnitude. Além disso, a empresa tem a maior parte das suas receitas e a maior parte dos seus custos expostos ao USD, assim, que as alterações nas taxas de câmbio influenciam fortemente os seus resultados. O passivo do evento de Alagoas poderá aumentar no futuro. Na frente de fusões e aquisições, se a Petrobras decidir exercer o seu direito de preferência, a Braskem se transformará em uma empresa estatal. Por outro lado, se uma empresa privada comprar a participação da Novonor, disparando direitos de tag-along aos minoritários, isto poderá desencadear um re-rating das ações". 

FATOR RENAN CALHEIROS

A Braskem já fechou acordo com a Prefeitura de Maceió, assumindo uma indenização de R$ 1,7 bilhão, e poderá avançar em direção a um entendimento com o Estado e municípios da Região Metropolitana da capital alagoana, como resultado das iniciativas do senador Renan Calheiros (MDB) que, apoiado pelo governador Paulo Dantas, buscam incessantemente uma reparação financeira mais abrangente. Eles argumentam que o Estado e os municípios em torno de Maceió também sofreram prejuízos e devem ser indenizados.

O senador Renan Calheiros defende que a eventual venda da Braskem só possa ser materializada depois de definidas as indenizações a favor do Estado de Alagoas e dos municípios vizinhos a Maceió, o que, por sinal, levou o parlamentar a viabilizar a criação de uma CPI no Senado para apurar os danos causados pelo desastre ambiental na capital alagoana.

A CPI defendida por Renan Calheiros está nascendo com mais de 40 assinaturas (número de apoios bem acima do mínimo que é 27) e conta com o apoio do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para sua instalação. 

GRUPO DE TRABALHO

A propósito, o Governo de Alagoas publicou decreto instituindo um Grupo de Trabalho com o "objetivo de buscar a justa e urgente reparação dos prejuízos materiais e morais causados ao Estado, municípios da Região Metropolitana e pessoas vitimadas pela tragédia socioambiental" nos bairros atingidos.

Integram o grupo o governador Paulo Dantas, o senador Renan Calheiros, a procuradora-geral do Estado, Samya Suruagy, os secretários de Estado, Vitor Pereira (Governo) e Renata dos Santos (Fazenda), e o representante do Gabinete Civil, Felipe Cordeiro, assim como o prefeito de Murici, Olavo Neto, representando os municípios da Região Metropolitana, Maurício Sarmento e Alexandre de Moraes Sampaio, representando às vítimas do Caso Braskem, e Ricardo Melro, pela Defensoria Pública do Estado.

governador Paulo Dantas ressaltou que o objetivo principal é fazer com que a empresa faça a justa indenização para as vítimas do desastre ambiental e também para a perda de arrecadação do

ICMS das empresas que funcionavam nos bairros afetados e os prédios do estado que foram atingidos. “Este Grupo de Trabalho será para assessorar o Estado e as vítimas do caso Braskem durante a renegociação das dívidas. Estamos do lado do povo, das vítimas que tanto estão sofrendo desde o início do afundamento dos bairros”, disse. 

ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA

Paulo Dantas ainda criticou a possível especulação imobiliária em decorrência de um acordo entre a empresa e a Prefeitura de Maceió. “O acordo entre a prefeitura de Maceió e a Braskem transfere cerca de 40% dos imóveis existentes na cidade. A empresa que cometeu um crime ambiental sem precedentes pode lucrar bilhões de reais em alguns anos. O acordo simplesmente faz o causador do desastre lucrar, e a vítima, pagar o preço”, criticou o governador.

Pelo decreto, o Grupo de Trabalho poderá convidar especialistas e representantes de outros órgãos e entidades, públicos ou privados, inclusive do Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, Defensoria Pública do Estado de Alagoas e Defensoria Pública Federal para participar de suas reuniões.

Redação com Site da XP

Notícias relacionadas