
Breno Accioly: obra completa do autor é apresentada ao público da X Bienal
Um dos pontos altos do estande da Imprensa Oficial Graciliano Ramos, durante a 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, é o lançamento da obra completa do autor Breno Accioly, na sala Siriguela, neste domingo (13), às 19h. Considerado um dos grandes contistas brasileiros, o autor terá sete obras lançadas durante o evento, sendo duas delas totalmente inéditas.
No evento de apresentação da coleção Breno Accioly haverá também um bate-papo com Cacá Diegues, Edilma Bomfim, Golbery Lessa, Márcio Ferreira, Heloísa de Moraes e José Geraldo Marques.
Nascido em Santana do Ipanema, em 1921, o autor produziu dois romances e cinco livros de contos. Estudou medicina na cidade do Rio de Janeiro, onde se afirmou como médico e escritor. Chegou a morar em Recife e em Maceió, onde existem relatos de ser amigo de importantes escritores, a exemplo de Lêdo Ivo, João Cabral de Melo Neto e Gilberto Freyre. Morreu de modo prematuro, aos 44 anos, deixando uma obra consistente.
A Imprensa Oficial Graciliano Ramos lança a obra completa do autor. O primeiro livro publicado por Breno, em 1944, com apenas 23 anos, é considerado sua obra prima. Com João Urso ganhou dois importantes prêmios literários da época: o Afonso Arinos, oferecido pela Academia Brasileira de Letras, e o Graça Aranha, oferecido pela Fundação Graça Aranha – conquistando sucesso nacional, de público e da crítica. Nesta obra, Breno Accioly recria cenários, argumentos e tipos da sua infância em Santana do Ipanema, como os loucos da cidade, as procissões, traições, revelando uma tristeza sinistra em suas narrativas.
Na edição publicada agora a apresentação é feita por José Sarney. Além disso, é lançada também, de modo paralelo como parte da coleção Mulheres Extraordinárias, o livro Razão Mutilada, da escritora Edilma Acioli, onde a autora analisa os contos do livro João Urso sob a ótica da Psicologia de Carl Gustav Jung.
Cogumelos é o segundo livro do autor, de 1947. Trata-se de uma reunião de contos em que ele inova na forma de breves narrativas, mas com uma investigação profunda da miséria da condição humana, baseada na inveja, no rancor e na obsessão. A apresentação da nova edição foi feita pelo cineasta Cacá Diegues.
O livro Dunas, de 1955, marca a entrada do autor como romancista. Breno Accioly apresenta um enredo que se passa em Santana do Ipanema, a partir da narrativa poética apresenta perdas, tragédias em personagens reféns das exigências psicológicas ou sociais da realidade imediata. Mantendo o uso do grotesco e do ridículo, Breno escreve Maria Pudim, também de 1955. Em um cenário fora do sertão alagoano, mantendo o mesmo clima sinistro, dolorido e perverso descrito em João Urso e Cogumelos.
O livro Os Cata-ventos, de 1962, ficou marcado como o último livro de contos publicado em vida pelo autor. Reúne 30 textos em que a temática da traição e da violência são recorrentes. Mais uma vez Breno Accioly recorre ao Sertão e às usinas de cana-de-açúcar. A obra aponta que a tragédia humana reside na desconfiança, no desamor e nas vinganças doentias construídas pelas mentes perturbadas de seus personagens.
As duas obras inéditas que serão lançadas são: Isabela, de 1962, e Pedras, de 1966. O primeiro é um livro que reúne 31 contos, iniciado quatro anos antes de morrer, escrito simultaneamente com Os Cata-ventos, e com Pedras, seu último romance. O segundo apresenta uma narrativa em primeira pessoa, tendo como pano de fundo os conflitos sociais de uma comunidade periférica da capital alagoana, da década de 1960.