Trump insiste que EUA precisam controlar Groenlândia para ‘segurança nacional’
Donald Trump voltou a defender que os Estados Unidos controlem a Groenlândia por razões de segurança nacional, após nomear o governador da Louisiana, Jeff Landry, como enviado especial ao território, o que gerou forte reação da Dinamarca e da União Europeia. Trump afirmou que a ilha é estratégica diante da presença russa e chinesa no Ártico e não descartou o uso da força, enquanto autoridades dinamarquesas e groenlandesas reforçaram que a Groenlândia pertence ao seu povo, não está à venda e terá seu futuro decidido pela população local.
O presidente Donald Trump reiterou na segunda-feira, 22, que os Estados Unidos precisam controlar a Groenlândia por “motivos de segurança nacional”, depois que a nomeação de um enviado especial para a ilha no Ártico desencadeou uma nova disputa com a Dinamarca.
Desde seu retorno à Casa Branca, o republicano insiste que “precisa” do território autônomo, de localização estratégica e rico em recursos naturais, para garantir a proteção dos Estados Unidos. Ele se negou, inclusive, a descartar o uso da força para anexar a Groenlândia.
Os planos de Trump
No domingo, 21, Trump designou o governador da Louisiana, o republicano Jeff Landry, como emissário especial para a Groenlândia, notícia que irritou o governo da Dinamarca, que convocou o embaixador americano.
“Precisamos da Groenlândia por motivos de segurança nacional. Não pelos minerais“, afirmou Trump em uma entrevista coletiva em sua residência em Palm Beach, na Flórida. “Se você olha a Groenlândia, se observa a costa de cima a baixo, você vê navios russos e chineses por todos os lados”.
Após a nomeação, Landry prometeu transformar o território dinamarquês em “parte dos EUA”.
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, e o primeiro-ministro da Groenlândia, Jens-Frederik Nielsen, afirmaram em declaração conjunta que a ilha pertence a seu povo. “Não se pode anexar outro país. Nem mesmo com o argumento da segurança internacional. Esperamos que nossa integridade territorial conjunta seja respeitada“, afirmaram.
O ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, se disse “profundamente indignado” com a nomeação e exigiu que Washington respeite a soberania da Dinamarca, país que faz parte da União Europeia e da Otan. A UE expressou “total solidariedade” à Dinamarca.
Localização estratégica
Em publicação no Facebook, o premiê Nielsen ainda afirmou que a nomeação não muda “nada para nós aqui em casa”. “Nós mesmos determinaremos o nosso futuro. A Groenlândia é o nosso país, pertence aos groenlandeses e deve ter sua integridade respeitada”, escreveu.
A UE expressou seu firme apoio à Dinamarca. “A integridade territorial e a soberania são princípios fundamentais do direito internacional”, afirmaram no X a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, Antonio Costa.
A maioria dos 57 mil habitantes da Groenlândia deseja a independência da Dinamarca, mas não quer fazer parte dos EUA, segundo pesquisa realizada em janeiro.
As autoridades, tanto da Dinamarca como da Groenlândia, insistem que a ilha não está à venda e que a população decidirá seu futuro. “A nomeação confirma o contínuo interesse dos Estados Unidos na Groenlândia”, afirmou o ministro dinamarquês das Relações Exteriores em um comunicado enviado à AFP
A Groenlândia tem uma localização estratégica, entre a América do Norte e a Europa, no momento em que EUA, China e Rússia demonstram interesse crescente pelo Ártico, onde foram abertas rotas marítimas devido às mudanças climáticas e há grandes reservas de terras raras.
A localização da Groenlândia também a deixa na rota mais curta em caso de lançamentos de mísseis entre Rússia e EUA. Em agosto, a Dinamarca convocou o encarregado de negócios dos Estados Unidos após denúncias de tentativa de interferência na Groenlândia.
Pelo menos três funcionários de alto escalão do governo americano próximos a Trump foram vistos em Nuuk, a capital da Groenlândia, tentando identificar pessoas a favor e contra uma aproximação com os Estados Unidos, informou a imprensa dinamarquesa.