Brasil fecha 2025 com inflação prévia de 4,41%, dentro do teto da meta do governo
O IPCA-15 registrou alta de 0,25% em dezembro, segundo o IBGE, elevando a inflação acumulada de 2025 para 4,41%, dentro da meta oficial, porém próxima do teto. O principal impacto no mês veio do grupo Transportes, puxado por passagens aéreas e transporte por aplicativo, enquanto Artigos de Residência apresentaram queda. No ano, Habitação e Alimentação lideraram as pressões inflacionárias, com destaque para energia elétrica e itens alimentícios, embora economistas apontem consolidação do processo de desinflação e perspectiva de cortes na Selic no início de 2026.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que representa uma prévia do que será a inflação no mês corrente, registrou alta de 0,25% em dezembro, conforme levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado representa um aumento de 0,05 ponto percentual em comparação ao resultao de novembro e 0,09 pontos inferior ao desemprenho observado em dezembro do ano passado.
Com esse resultado, a inflação acumulada de 2025 foi de 4,41%. O número confirma o que já era esperado pelo mercado, de que o IPCA voltaria a ficar dentro da meta determinada pelo governo, porém ainda muito próximo do teto. A meta efetiva é de 3% ao ano, porém, existe uma margem de tolerância para situações críticas de de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, atualmente entre 1,5% e 4,5%.
Em dezembro, sete dos nove itens pesqisados pelo IBGE registraram alta. O setor de Transportes foi o que gerou o maior impacto de alta na inflação, com uma variação positiva de 0,69% nos primeiros quinze dias do mês.
No grupo Transportes, o principal e maior impacto individual no índice do mês veio de passagem aérea, que subiu 12,71%. O transporte por aplicativo teve alta de 9%. Os combustíveis subiram 0,26%, após a queda de 0,46% em novembro, com altas de 1,70% no etanol e de 0,11% na gasolina. O gás veicular e o óleo diesel apresentaram recuos de 0,26% e 0,38%, respectivamente.
O maior alívio nos preços foi sentido no item Artigos de Residência, que recuou 0,64% no período, acumulando a quarta redução consecutiva. O desempenho do grupo foi motivado pelos recuos em eletrodomésticos e equipamentos (-1,41%) e em tv, som e informática (-0,93%).
Inflação no ano
Em 2025, o grupo Habitação se destaca como o de maior variação (6,69%) e de maior impacto (1,01 p.p.). Nele sobressai o subitem energia elétrica residencial que, com acumulado de 11,95%, responde pelo maior impacto individual no ano (0,47 p.p.).
O segundo maior impacto em 2025 (0,77 p.p.) dentre os grupos de produtos e serviços pesquisados veio de Alimentação e bebidas (3,57%). Refeição (6,25% e 0,23 p.p.), lanche (11,34% e 0,20 p.p.), café moído (41,84% e 0,20 p.p.) e carnes (2,09% e 0,06 p.p.) foram os itens com maior impacto nos preços. Do lado das quedas tem-se: arroz (-26,04% e -,19 p.p.), leite longa vida (-10,42% e -0,08 p.p.) e batata-inglesa (-27,70% e -0,06 p.p.).
“Apesar da piora qualitativa, o resultado de dezembro aponta para a consolidação do processo de desinflação. A expectativa é de um primeiro trimestre de 2026 com inflação mais fraca, especialmente comparado ao 1° trimestre de 2025, o que permitirá uma desinflação mais acentuada no acumulado em 12 meses, abrindo espaço para o início dos cortes na Selic no 1° trimestre. Ainda vemos como provável o início em janeiro, mas dada a cautela do Copom, não descartamos que o BC opte por retardar o início para a reunião de março”, afirma André Valério, economista sênior do Inter.