
Professor responsabiliza governos passados pela Braskem e condena empréstimo externo de JHC
A extração de sal-gema em poços de grande profundidade, em plena zona urbana de Maceió, acabou produzindo graves problemas econômicos e sociais, é o que todos sabem, mas, como tudo começou? Um professor da Ufal, lotado no Campus de Santana do Ipanema, apareceu com resposta.
Estudioso de questões sociais e dívida pública, o professor José Menezes, da Universidade Federal de Alagoas, responsabiliza o governo militar pós-1964 pela vinda do Polo Cloro-Químico e, consequentemente, a instalação da Salgema (hoje Braskem), numa área da Av. Assis Chateaubriand, ou seja, em plena zona urbana de Maceió, durante o governo estadual de Guilherme Palmeira e Teobaldo Barbosa (seu vice).
José Menezes é coordenador do Núcleo Alagoano pela Auditoria Cidadã, membro da Rede de Cátedras da Dívida Pública e professor de Pós-Graduação em Serviço Social.
Em recente entrevista ao radialista Elias Ferreira, da Rádio CBN Maceió, o especialista lembra que o problema se originou durante o governo Ernesto Geisel quando o ‘milagre brasileiro’ já estava em decadência e o general-presidente partiu para uma nova fase de industrialização buscando retomar as taxas de crescimento e decidiu explorar o que na época ficou conhecida como ‘química fina’, isso depois de análises e pesquisas mostrarem que por aqui não havia petróleo abundante.
Ele diz que com a criação do Polo Químico e a vinda da Salgema (que depois se chamaria Triken até mudar para Braskem), prometeu-se que uma nova era estava chegando, um plano de industrialização que ia superar a agroindústria do açúcar e acabar com as desigualdades sociais.
Na entrevista, o professor José Menezes enfatiza que os problemas que estão ocorrendo nos bairros atingidos pela instabilidade no solo tiveram origem exatamente na ideia do governo federal de trazer para Alagoas um projeto industrial que ia extrair sal-gema a 1.200 metros em um centro urbano.
EMPRÉSTIMO EXTERNO
O professor José Menezes também atacou o novo empréstimo externo solicitado pelo prefeito JHC e autorizado pela Câmara Municipal, no valor 40 milhões de dólares – o equivalente a cerca de 200 milhões de reais – também autorizado pelo Senado Federal.
Segundo Menezes, o grande problema desses empréstimos externos é o comprometimento de parcela da arrecadação do Município para pagar juros, o que implica em deixar de atender necessidades em áreas sociais como saúde e educação.
Ele afirma que esse tipo de financiamento “compromete o futuro” e não se justificaria, nesse momento, tendo em vista que a Prefeitura maceioense está embolsando repasses da Braskem que vão totalizar R$ 1,7 bilhão, fruto de acordos assinados pelo prefeito JHC e pela petroquímica.