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Mulher expulsa de voo: o que o passageiro pode levar como bagagem de mão?
Foto: Reprodução/Twitter/@ManoelSoares_
Brasil/Mundo

Mulher expulsa de voo: o que o passageiro pode levar como bagagem de mão?

Estadão

Samantha Vitena, uma mulher negra, foi expulsa de voo da Gol após se recusar a se separar de sua bagagem de mão com item eletrônico

Uma mulher negra foi expulsa na noite de sexta-feira, 28, de um voo da Gol, entre Salvador e São Paulo, por se recusar a despachar a bagagem de mão, onde ela afirma que levava um laptop. O caso motivou reações nas redes sociais e a Polícia Federal vai investigar se houve crime de racismo. A companhia afirma que pediu a retirada da mochila da passageira por motivos de segurança.

O cuidado que a pesquisadora Samantha Vitena teve com sua mala é o mesmo recomendado pela própria Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). “Aconselha-se transportar na mala de mão ou na bolsa objetos frágeis, importantes, de valor econômico e sentimental ou úteis para a viagem – por exemplo, equipamentos eletrônicos (laptop, tablet, celular, câmera).”

Samantha teve problemas para guardar sua mochila no compartimento de bagagens dentro da aeronave e reclamou da situação. A ordem de expulsão partiu do comandante da Gol.

Gravação feita por outra passageira e compartilhada nas redes sociais mostra a passageira descrevendo o que aconteceu. “Se eu despachasse meu laptop, iria ficar em pedaços. Os comissários não moveram um dedo para me ajudar. Quem me ajudou foi esse senhor e esta senhora (apontando para eles no vídeo), que em três minutos, a gente conseguiu dar um jeito e colocar minha mochila. Pelo contrário, os comissários falaram que se a gente pousasse em Guarulhos (o voo tinha como destino Congonhas), a culpa seria minha, porque eu não queria despachar a mochila. Ele teve a coragem de falar isso para mim”, disse no vídeo. Samantha embarcou em outro voo da Gol na madrugada de sábado.

  • Todas as companhias aéreas permitem que o passageiro leve gratuitamente bagagem de mão em voos domésticos e internacionais. Segundo as regras, a bagagem de mão deve ter no máximo as dimensões de 55 cm por 35 cm por 25 cm – incluindo alças, rodinhas e bolsos externos. Isso vale tanto em voos nacionais e internacionais

  • O peso desse tipo de bagagem também tem limite: 10 quilos para voos dentro do Brasil ou que tenham o País como origem ou destino. Se a mala ultrapassar as especificações da companhia, o passageiro pode ter de despachá-la e pagar pelos quilos excedentes.

  • Além da bagagem de mão, as companhias permitem que o passageiro leve gratuitamente um item pessoal consigo. Pode ser uma bolsa pequena, pasta de trabalho, mochila para notebook, entre outros.

  • Na Gol, as dimensões máximas permitidas para esse item pessoal são de 43 centímetros por 32 centímetros por 22 centímetros. As medidas máximas para essa bagagem na Latam são de 45 centímetros por 35 centímetros por 20 centímetros.

Desde 2017, as companhias aéreas são autorizadas a cobrar por malas despachadas. Na época, as empresas alegavam que a cobrança permitiria baratear as passagens. Em 2022, o Senado aprovou o fim da cobrança, mas a medida foi vetada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL). Não são incomuns situações em que os últimos passageiros da fila sejam convidados a despachar suas bagagens de mão, mesmo quando estão dentro das regras, por causa da lotação da aeronave.

Além das recomendações sobre a bagagem de mão, a Abear indica que “não é recomendado transportar objetos de valor e eletrônicos na bagagem despachada.” A entidade explica que, “se for necessário, em algumas companhias há a possibilidade de fazer declaração de valor do bem despachado no check-in”. “Neste caso, a empresa pode checar a existência do bem, solicitar a nota fiscal que comprove o valor e cobrar uma taxa para se responsabilizar por esse transporte.”

Regras da Anac

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), alguns objetos não podem ser transportados na bagagem de mão ou na bolsa tanto em voos nacionais quanto internacionais.

  • Armas – de fogo, de pressão, de choque elétrico ou químicas (inclusive réplicas ou de brinquedo), estilingue, sprays de pimenta, ácidos ou neutralizantes.

  • Objetos pontiagudos ou cortantes – machados, picadores de gelo, estiletes, equipamentos de artes marciais, navalhas, facas, tesouras, canivetes ou instrumentos multifuncionais com lâminas superiores a 6 cm.

  • Ferramentas de trabalho – pés de cabra e alavancas similares, furadeiras e brocas (inclusive portáteis e sem fio), chaves de fendas e cinzéis com lâmina ou haste superior a 6 cm, serras (inclusive portáteis ou sem fio), maçaricos, martelos, marretas, pistolas de pregos (e similares), dispositivos de alarmes.

  • Substâncias explosivas, incendiárias ou inflamáveis – explosivos, munições, espoletas, fusíveis, detonadores, estopins, minas, granadas ou similares, fogos de artifício, cartuchos geradores de fumaça, dinamite, pólvora, pós metálicos e similares, líquidos inflamáveis, aerossóis, gases inflamáveis, isqueiros do tipo maçarico, repelentes de animais em aerossóis.

  • Substâncias químicas, tóxicas e outros itens perigosos – cloro, alvejantes líquidos, baterias com líquidos corrosivos derramáveis, mercúrio, ácidos, venenos, materiais infecciosos e radioativos.

Para alguns objetos há regras específicas para que possam ser transportados na bagagem de mão, em voos nacionais ou internacionais.

  • Aparelhos de barbear e tesouras arredondadas devem ter lâminas menores de 6 cm.

  • Lixa de unha metálica somente sem ponta perfurante ou aresta cortante e com até 6 cm.

  • Lapiseiras e canetas tinteiro apenas menores que 15 cm.

  • Apenas um isqueiro (com gás ou fluido) por passageiro.

  • São permitidos termômetros de medição térmica.

  • Bastão de selfie, desde que o peso e volume não excedam os limites permitidos à bagagem de mão (somando com os outros volumes).

  • Também em voos domésticos, é possível levar até 4 unidades de spray de uso médico ou de higiene pessoal, em frascos de até 300 mililitros ou 300 gramas.

  • Em voos domésticos, pode-se levar no máximo 5 garrafas de bebida alcoólica de até um litro cada, desde que estejam lacradas e tenham teor alcoólico inferior a 70%.

Para voos internacionais:

  • O transporte de líquidos e géis é restrito a embalagens de, no máximo, 100 mililitros.

  • São permitidos medicamentos (com prescrição médica), alimentação de bebês e líquidos de dietas especiais – só o necessário para o período total de voo (incluídas eventuais escalas).

  • Se o voo for para os Estados Unidos, há limite de 350 ml para substâncias em pó.

Gol publicou, desde sábado, três notas sobre o caso.

Primeira nota

“A Gol informa que, durante o embarque do voo G3 1575 (Salvador - Congonhas), havia uma grande quantidade de bagagens para serem acomodadas a bordo e muitos clientes colaboraram despachando volumes gratuitamente. Mesmo com todas as alternativas apresentadas pela tripulação, uma cliente não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas e, por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo.

Lamentamos os transtornos causados aos clientes, mas reforçamos que, por medidas de segurança, nosso valor número 1, as acomodações das bagagens devem seguir as regras e procedimentos estabelecidos, sem exceções. A companhia ressalta ainda que busca continuamente formas de evitar o ocorrido e oferecer a melhor experiência a quem escolhe voar com a Gol e segue apurando cuidadosamente os detalhes do caso.”

Segunda nota

“Lamentamos imensamente a experiência da Cliente em nosso voo G3 1575. Seguimos cuidadosamente apurando os detalhes do ocorrido e reforçamos que não toleramos nenhuma atitude discriminatória.”

Terceira nota

“A Gol está empenhada em colaborar para a apuração dos fatos com a Polícia Federal, assim que for notificada. A companhia está à disposição das autoridades e tem total interesse nos esclarecimentos, tendo inclusive contratado uma empresa independente com a finalidade de elucidar o caso.”

Sindicado dos Aeronautas nega racismo e cita indisciplina’ de passageira

Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) emitiu nota nesse domingo, 30, na qual diz que o caso envolve “atos de indisciplina e comprometimento da segurança operacional”, nega racismo e repudia “de forma veemente” o que chama de “qualquer tentativa de manipulação da verdade”.

O comunicado destaca que há respaldo legal e prerrogativa do comandante para decidir pelo desembarque de passageiro que “atente contra a ordem, disciplina e segurança da operação, devendo fazê-lo sempre que necessário”.

“Os tripulantes atuam como última barreira de segurança na operação complexa do sistema de aviação, atuando com zelo e profissionalismo em todos os momentos, principalmente durante urgências e emergências, protegendo a integridade dos passageiros e de toda a sociedade”, aponta.

O comunicado ainda ressalta que “conflitos a bordo” podem desestabilizar ou sobrecarregar os profissionais da aviação. “São inaceitáveis e podem gerar prejuízos à segurança da operação, devendo ser solucionados de forma efetiva, buscando o mínimo impacto na operação e na coletividade dos usuários do sistema de aviação.”

Estadão

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