Lula vê retirada de tarifas pelos EUA como chance para derrubar sanções da Lei Magnitsky
Possível normalização
O governo Lula avalia que a decisão dos Estados Unidos de revogar tarifas de 40% sobre dezenas de produtos brasileiros abre uma nova janela de negociação para tentar derrubar as sanções impostas a autoridades do país pela Lei Magnitsky. Entre as medidas punitivas em vigor estão restrições que atingem ministros e integrantes do Supremo Tribunal Federal, como Alexandre de Moraes e Alexandre Padilha, que tiveram vistos suspensos.
Segundo integrantes da diplomacia brasileira, a retirada das sobretaxas — anunciada por Donald Trump após encontro com Lula na Malásia — cria um ambiente mais favorável para ampliar o diálogo político entre os dois governos. Antes de embarcar para a África do Sul, onde participa da cúpula do G20, o presidente convidou Trump a visitar o Brasil e afirmou querer ‘zerar qualquer celeuma política e comercial’ entre os países.
Para Lula, o gesto representa um possível início de normalização das relações bilaterais. ‘Acho um bom sinal, e nós precisamos estar preparados. Ele está convidado para vir quando quiser, e espero ser convidado para ir a Washington para a gente poder zerar qualquer celeuma’, disse.
Nos bastidores, o Itamaraty articula para ampliar a lista de produtos beneficiados e avançar sobre as sanções contra autoridades brasileiras. A orientação é interpretar politicamente o gesto de Trump sem emitir agradecimentos explícitos, a fim de evitar ruídos diplomáticos.
Na avaliação do analista político Melilo Diniz, Lula tenta transformar o movimento em capital político.
‘É um olho no padre e outro na missa. É uma tentativa de resolver, mas também de ganhar pontos com a população diante dessa mudança de postura dos Estados Unidos. Já foi uma grande vitória a revogação das tarifas; agora é hora de continuar avançando’, afirmou.
Ao todo, mais de 60 produtos brasileiros — incluindo café, carne, tomate, banana e açaí — foram contemplados na nova rodada de liberação tarifária após tratativas entre as diplomacias dos dois países.