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Expulso no ano passado, aluno comemora inclusão de aparelho de glicemia no Enem 2025
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Brasil/Mundo

Expulso no ano passado, aluno comemora inclusão de aparelho de glicemia no Enem 2025

Redação com web

Após ter sido retirado do Enem 2024 por causa do alarme do seu sensor de glicemia, o estudante gaúcho Augusto Brito, diagnosticado com diabetes tipo 1, poderá realizar o exame de 2025 com o aparelho permitido. A decisão do INEP atende a pedidos de famílias e entidades de saúde e beneficia mais de 3 mil candidatos diabéticos, garantindo mais inclusão e segurança. O caso de Augusto expôs a falta de sensibilidade das antigas regras e impulsionou mudanças nas normas do exame. Agora, os participantes com diabetes podem usar o monitor de glicose mediante laudo médico, medida comemorada como um avanço pela Sociedade Brasileira de Diabetes.

Diagnosticado com diabetes tipo 1 aos nove anos, o estudante e residente de Salto do Jacuí no Rio Grande do Sul, Augusto Brito, prestou, em 2024, o Enem (Exame Nacional do ensino médio) como treineiro, ainda quando cursava o segundo ano do ensino médio. Mas foi retirado da prova após o alarme que controla seu sensor de glicemia disparar.

Neste ano, porém, o aparelho foi incluso nos itens permitidos no dia do exame. A decisão foi recebida com alívio por famílias e entidades de saúde, que vinham pressionando o órgão por mais inclusão. Além de Augusto outros 3211 candidatos com diabetes solicitaram atendimento especializado, sendo que 2518 também indicaram a necessidade do uso do aparelho para aferir a glicemia.

“Foi um grande avanço. E tomara que isso se estenda para outros concursos”, comemorou à IstoÉ o pai de Augusto, Rudnei Noro, que após o diagnóstico do filho, começou a dar palestras em cidades pequenas para conscientizar sobre a doença.

Expulsão em 2024 e retorno à prova

Augusto conta que, no ano passado, durante a aplicação da prova, sua glicose chegou ao nível 180, considerada alto, o que fez o sensor disparar. “Eu saí sem entender o que estava acontecendo. Tentei explicar, mas ninguém quis ouvir”, relembra o jovem.

Segundo ele, no campo de inscrição para a prova em 2024, não havia um campo específico para que o estudante informasse que era diabético. “Entrei na sala e tinha meu laudo, mas [na ficha de inscrição] não tinha especificação para que eu informasse que era diabético. Então, eu também não tive acesso a pedir, por exemplo, uma hora a mais de prova ou que fosse reservada uma sala individual para mim, o que eu posso fazer agora em 2025″, disse o aluno.

O caso ganhou repercussão nacional e expôs uma lacuna nas regras do Enem. A doença de Augusto não pode ser controlada apenas com medicação antes da prova — o monitoramento é constante, especialmente em situações de estresse prolongado, como a realização de um exame de longa duração. O nervosismo interfere diretamente na glicemia, e até mesmo quem se alimenta corretamente e toma insulina pode ter variações durante o teste.

Hoje, Augusto se prepara para voltar ao Enem. Mais confiante, ele vê na nova norma uma forma de reparação. “Fiquei extremamente feliz que a gente conquistou esse direito de usar os aparelhos de glicose sem nenhuma restrição, embora muitos diabéticos aqui no Brasil tenham tido esse recurso negado”, afirma.

A cruzada de diabéticos em provas longas

A endocrinologista Solange Travassos, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), explica que tanto a hipoglicemia (queda brusca da glicose) quanto a hiperglicemia (aumento dos níveis de açúcar) prejudicam o raciocínio e o desempenho cognitivo.

“Quando a glicose está abaixo de 70 ou acima de 250, o cérebro não funciona bem. O aluno perde foco, pode desmaiar ou ter confusão mental. É uma questão de segurança, não de privilégio”, afirma.

Segundo a médica, o caso de Augusto ilustra o impacto de regras pouco sensíveis às necessidades médicas. “O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune que surge, em geral, na infância. Ela não tem relação com o estilo de vida e exige acompanhamento permanente. Sem monitorar a glicose, o paciente corre risco real de vida”, explica. Estima-se que mais de 600 mil brasileiros vivam com o tipo 1 da doença.

Em nota, a SBD esclareceu que desde que os debates sobre a proibição do uso dos celulares em escolas começaram, várias entidades de pessoas com a condição diabética e seus familiares iniciaram diálogos com o Ministério da Educação e o INEP, visando o bem-estar de alunos diabéticos.

Em comunicado, o INEP informou que o atendimento especializado para diabetes está garantido entre os recursos de acessibilidade do Enem 2025. Os participantes poderão usar aparelho para medir glicemia, desde que o equipamento passe por vistoria dos coordenadores no local de prova. O atendimento especializado deve ser indicado e comprovado por meio de laudo médico no ato da inscrição e ou até dez dias antes da aplicação do exame.

Redação com web

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