Brasil é referência no tratamento do tabagismo, mas enfrenta desafios com cigarros eletrônicos

Maria José Domingues da Silva Giongo, chefe da Divisão de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco do INCA, fala sobre novas diretrizes da OMS.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou diretrizes inéditas para o tratamento do tabagismo, um avanço importante na luta global contra o vício em nicotina. Maria José Domingues da Silva Giongo, chefe da Divisão de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco do Instituto Nacional do Câncer (INCA), fala sobre o assunto em entrevista ao Jornal da CBN.

Giongo destaca que o Brasil já possui um protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para o tratamento do tabagismo, oferecidos gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS):

'Nós já oferecemos no âmbito do SUS a terapia de reposição da nicotina, adesivos e gomas e também a bupropiona que estão sendo preconizados no protocolo da OMS, então no Brasil, o protocolo ele foi elaborado com base nas melhores evidências internacionais. O Brasil ele é pioneiro no tratamento do tabagismo, ele é referência inclusive para outros países'.

A nova diretriz da OMS enfatiza a importância de combinar medicamentos com intervenções comportamentais. Giongo ressalta que essa abordagem aumenta significativamente as chances de sucesso.

'Nem todos os pacientes precisam de medicação, mas a abordagem cognitiva comportamental é essencial'.

A OMS também sugere o uso de intervenções digitais no tratamento do tabagismo. Durante a pandemia, o Brasil já implementou várias iniciativas digitais, como o uso de WhatsApp e aplicativos para manter o tratamento: 'Essas ferramentas são essenciais para continuar o suporte aos pacientes', afirma.

Desafio dos cigarros eletrônicos

Um grande desafio atual é o uso crescente de cigarros eletrônicos, especialmente entre jovens. A Anvisa recentemente ampliou o rol de proibições desses dispositivos, reforçando a necessidade de campanhas educativas.

'Tem sido realmente um desafio para a saúde pública, então nós estamos nesse movimento, é um movimento intenso para conscientizar pais, professores, responsáveis, profissionais da saúde, formar profissionais de saúde para poder fazer a abordagem e a orientação de que eles podem fazer opções mais saudáveis, como ter um hobby, praticar atividade física, uma alimentação mais saudável'.