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Entenda o impacto da greve nas universidades federais
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, no Canindé, durante greve nacional por reajuste salarial — Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Brasil/Mundo

Entenda o impacto da greve nas universidades federais

CBN

Em quase três meses, a paralisação afetou as aulas e atividades de 62 instituições federais de ensino.

A greve nas universidades e institutos federais tem paralisado as aulas e impacta o andamento do semestre de muitos alunos, ao mesmo tempo em que parte deles apoia as reivindicações dos técnicos e professores.

Em quase três meses, a paralisação afetou as aulas e atividades de 62 instituições federais de ensino, entre universidades, institutos e centros de educação tecnológica, os CEFETs. O balanço é do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior.

Eduarda da Silva, de 18 anos, é caloura de Artes Visuais na Universidade Federal do Rio Grande, no interior gaúcho. Ela morava em Ubatuba, no litoral de São Paulo, e se mudou para a cidade em março, um mês antes da greve.

Algumas semanas depois, a cidade foi impactada pelas enchentes - Rio Grande está no entorno da Lagoa dos Patos, onde as águas subiram quase 3 metros no mês passado. Eduarda voltou para Ubatuba, mas continua pagando o aluguel no sul:

"Eu entreguei meu primeiro trabalho e já entrou em greve. Tive só um mês de aula. Na minha turma, os bixos, a gente está bem frustrado com tudo isso. Porque não tem data, não tem como saber quando volta ao normal. Eu estava, estou morando em uma kitnet perto da faculdade, bem pertinho. Mas o aluguel continua, né? Eu não estou lá usando, mas continuo tendo que pagar."

O estudante de engenharia Luiz Henrique Moura, de 21 anos, se adiantou ao anúncio da greve para pedir a renovação do estágio. Ele, que está há quase três anos na graduação, conta que outros colegas da Universidade Federal do ABC, em São Paulo, tem dúvidas sobre o calendário do curso.

Os professores concluíram o primeiro quadrimestre antes de paralisar, mas os estudantes se preocupam com possíveis atrasos na graduação.

"Antes da greve mesmo, eu fui atrás de um professor para que pelo menos o meu estágio... mesmo eu estando de greve na faculdade, eu pudesse continuá-lo. Como é o primeiro período de greve da turma, a gente não sabe muito o que fazer nem o que esperar. Até um amigo meu que estava muito próximo já de finalizar o curso precisa do título de engenheiro para conseguir o cargo maior na empresa dele. Porém, com isso, nesse caso, a gente não sabe quando vai terminar."

A estudante de Geografia no Instituto Federal de São Paulo Karla Albuquerque, de 28 anos, se coloca a favor da greve. A entidade não interrompeu as bolsas e auxílios estudantis dos alunos. Com isso, ela manteve o andamento da iniciação científica e as entregas da pesquisa com a orientadora.

Karla conta que, no instituto, o desafio será manter o calendário entre os campi:

"A questão das pessoas que hoje não concordam com a greve é principalmente pautada pela questão do calendário acadêmico. No Instituto Federal [de São Paulo], não se colocou em todos os campi o cancelamento do calendário. Alguns professores não estão em greve e continuaram dando aula. Outros, que estão de greve, não estão dando suas aulas. Tem esse sentimento dos estudantes não saberem o que vai acontecer com as férias, com o calendário, com a recomposição"

Seguindo o movimento dos professores federais, docentes da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) entraram em greve no início de maio e seguirão paralisados por tempo indeterminado. As demandas variam de pedidos de reajuste salarial a recomposição orçamentária da instituição.

A estudante de pedagogia Lívia Matias, de 18 anos, ainda não sabe quando as aulas voltarão - as negociações por melhores salários são feitas com o governo mineiro.

"A gente fica mais preocupado mesmo com a nossa defasagem, na questão do ensino. Nós estamos há um mês [de greve] e se prosseguir por muito tempo podemos até mesmo perder o semestre. Nós, alunos, saímos prejudicados, apesar de sabermos que a causa é justa. A gente acaba, pelo menos eu que já atuo na área, ficando um pouco distante da teoria, que é importante também. Então nos preocupamos bastante com essas questões. Mas aguardamos com esperança e engajados nessa luta."

Os professores negociam com o governo federal um reajuste salarial ainda em 2024. A União já avisou que só haverá aumento a partir de 2025. A partir da proposta do governo, a categoria deve decidir se continua ou não em greve. Os ministérios da Gestão e da Educação receberam técnicos das universidades e institutos na terça-feira.

Nessa segunda, o presidente Lula recebeu reitores e representantes dos técnicos em Brasília e ouviu cobranças de avanço nas negociações salariais. Durante a cerimônia, ele anunciou investimentos de quase R$ 6 bilhões para infraestrutura e manutenção do ensino superior e pediu o fim da paralisação.

Nesta sexta, será a vez dos professores das universidades e institutos federais se reunirem com representantes dos ministérios da Gestão e da Educação.

CBN

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