
Entenda histórico de violência de empresário que matou gari em BH
O crime em Belo Horizonte completou uma semana nesta segunda-feira. O empresário também é investigado por atropelamento com morte no Rio e violência doméstica contra ex-mulheres.
O empresário René da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, que matou a tiros o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44, em Belo Horizonte, tem histórico de violência, desde 2003, e demonstrou frieza após cometer o homicídio, conforme apontam as autoridades que investigam o caso.
O crime completou uma semana nesta segunda-feira (18). Chamou a atenção dos policiais o fato de que o homem manteve a rotina normalmente, como ir para o trabalho e a academia, onde ele foi preso.
No último dia 11, Renê atirou contra o gari após se irritar com o caminhão de lixo que estava parado numa rua do bairro Vista Alegre, na região Oeste de BH. O motivo seria a dificuldade de passar com o carro dele enquanto a equipe trabalhava. Em seguida, ele fugiu.
Segundo as imagens de câmeras de segurança, depois do crime, o empresário foi para o trabalho, em Betim, na região metropolitana. Na hora do almoço, decide ir para o condomínio de luxo onde mora em Nova Lima, também na Grande BH. Ao chegar ao local, ele coloca a arma do crime dentro da mochila.
As câmeras mostram, ainda, que duas horas depois, o homem sai para passear com os cães. Por volta das 16h, ele é preso numa academia da região Oeste da cidade. O delegado do caso, Evandro Radaelli, disse à TV Globo que a frieza do empresário chamou a atenção.
"Ele manteve a rotina diária dele, mesmo após a prática do crime. Nós temos imagens da empresa em que se demonstra que ele estava num dia aparentemente normal. Ele será indiciado pelo crime de homicídio duplamente qualificado, pelo motivo fútil, pelo crime de porte de arma de fogo, além do crime de ameaça contra a motorista do caminhão", disse.
Renê ficará preso por tempo indeterminado por decisão da Justiça. Durante audiência de custódia, o empresário afirmou que faz uso de um remédio controlado e negou que tenha atirado contra Laudemir. A defesa dele disse que só vai se pronunciar após ter acesso ao inquérito da Polícia Civil.
A companheira do empresário, a delegada Ana Paula Balbino Nogueira, é alvo de uma investigação da Corregedoria da PC, já que a arma usada no crime é dela, conforme exames de balística da perícia. A agente disse que o marido não usava a arma e que ela não deixava o dispositivo com ele.
Histórico de Violência
Além de matar o gari, Renê Nogueira Júnior tem ficha policial por outros crimes. Ele morava em Belfort Roxo, na Baixada Fluminense, e já tem passagens no Rio e em São Paulo. O primeiro caso é uma agressão a vassouradas contra a ex-esposa, mãe do único filho dele, em 2003. Dois anos depois, há outro registro contra o empresário por agressão à noiva.
Já em 2011, Renê novamente é alvo de um inquérito policial por suspeita de atropelar e matar uma mulher, de 46 anos, num acidente registrado no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro. Na ocasião, a PC iniciou uma investigação por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, mas o processo ainda está em aberto.
Dez anos mais tarde, o empresário novamente foi alvo de um registro policial, desta vez, em São Paulo. Na ocasião, a ex-mulher dele informou que sofreu lesões corporais em meio ao processo de divórcio.
Currículo Falso
Instituições de ensino onde Renê teria passagens e cursos negaram qualquer vínculo com o empresário autor do crime. No LinkedIn, o homem chegou a afirmar que estudou na Harvard Business School, que, procurada, afirmou que ele não consta entre os registros de estudantes da universidade norte-americana.
Renê também informou que fez mestrado em Agronomia pela Escola Superior de Agricultura da USP e que tinha um curso de MBA na PUC-Rio, o que também foi negado pelas instituições de ensino.
A vítima
Laudemir de Souza Fernandes trabalhava há sete anos em uma empresa de limpeza urbana da capital mineira. Segundo a família, ele saía todos os dias de madrugada de casa para ir trabalhar e deixou esposa e filha, de 15 anos.
Imagens de câmeras de segurança da rua onde o crime ocorreu mostraram que o gari foi baleado na barriga. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu. O enterro, na última terça-feira, (19) foi marcado por protestos de parentes, amigos e colegas de trabalho. Moradores da capital mineira também vêm deixando mensagens de apoio e cobrando Justiça para Laudemir, em sacos de lixo na cidade.
O advogado que representa a família de Laudemir vai pedir o bloqueio de bens do empresário e da mulher dele para indenização pela morte do gari.