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Tarifaço imposto por Donald Trump completa um mês
Divulgação/CNI
Economia

Tarifaço imposto por Donald Trump completa um mês

Correio Braziliense

Enquanto governo e empresários brasileiros tentam reverter a taxação dos EUA, diversificação de mercados mostra bons resultados

Um mês após o início do tarifaço de 50% dos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros, o país busca redirecionar exportações para outros parceiros, enquanto traça estratégias para contornar a crise política entre os governos — que atravessa questões políticas e comerciais. Por outro lado, dados da balança comercial divulgados nesta semana representam esperança de que o Brasil supere os efeitos negativos da supertaxação.

Uma comitiva liderada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 130 representantes do setor produtivo brasileiro esteve em Washington nos últimos dias para tentar abrir caminho para as negociações. Na avaliação do presidente da entidade, Ricardo Alban, a missão terminou com sensação de “dever cumprido”. No entanto, ele aponta que é preciso de tempo para concluir o objetivo final.

Alban disse que pretende dialogar com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, que lidera as negociações no Planalto. Segundo o presidente da CNI, o secretário-adjunto de Estado dos EUA, Christopher Landau, teria afirmado que está disposto a conversar com o governo brasileiro. “Obviamente, temos um momento muito crítico político e a política está permeando o assunto. Mas qual é a crise que não passa? Pode ser mais demorada, menos demorada, pode ter mais sequelas, menos sequelas, mas passa e nós temos que estar preparados para tirar oportunidades dessa crise”, destacou Alban.

Entre os principais assuntos levados à mesa do número 2 da diplomacia norte-americana, estão o compartilhamento de data centers e produção de energia. Eles também discutiram a respeito da exploração das terras-raras, também conhecidos como minerais críticos, no qual o Brasil atualmente possui a segunda maior reserva do mundo, atrás somente da China.

“Quantas oportunidades nós temos com a imensa demanda que os Estados Unidos têm, com a imensa demanda que tem a sustentabilidade, principalmente de carros elétricos. Quantas oportunidades nós temos de trabalharmos juntos?”, questionou Alban.

Desde 6 de agosto, quando entrou em vigor a nova tarifa, as exportações para os Estados Unidos tiveram queda de 18%, enquanto que as vendas para outros países subiram, como China (31%), Índia, Indonésia, México e os integrantes do Mercosul (27%).  Entre os setores mais impactados com o tarifaço, está a indústria dos pescados, que destina 70% das suas exportações aos EUA e registrou uma retração de 31,3% nas vendas a este país no mês passado. Em Washington, a Associação Brasileira da Indústria de Pescados (Abipesca) defendeu o segmento em uma audiência pública promovida pela Comissão de Comércio Internacional dos EUA.

O setor é um dos produtos que está sendo impactado pela investigação no âmbito da Seção 301 do governo norte-americano, que prevê medidas contra práticas consideradas desleais ao comércio internacional. Impacto Outro setor afetado pela Seção 301 é o de café, que ainda está sob taxação de 50%, apesar das exportações terem avançado 16,4% em agosto.

Em um encontro do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) com a representação comercial dos EUA, o diretor-executivo da entidade, Marcos Matos, defendeu a necessidade de manter o diálogo aberto entre os dois países e ressaltou, posteriormente, que o cenário ainda é incerto. “É bem provável que a gente vai ter um cenário desafiador mais à frente em função do cenário político, das questões políticas que afetam, sim, o diálogo entre os país”, avalia.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) considera que o primeiro mês após a entrada em vigor do tarifaço foi marcado por muitos desafios, apesar de demonstrar resiliência da cadeia exportadora de carne bovina brasileira. Desde a vigência da nova tarifa, o país conseguiu abrir três novos mercados: carne com osso e miúdos para Indonésia e Filipinas e carne bovina para São Vicente e Granadinas. O setor também tem conseguido redirecionar parte da produção a mais de 150 países, com o objetivo de preservar a competitividade do produto a nível global. 

Correio Braziliense

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