
'Se morrer, chope é de graça': bares preparam festa para condenação do ex-presidente
O comércio local tem adotado sua própria maneira de reagir aos acontecimentos políticos recentes. Pelo Brasil, bares organizam promoções, eventos e transmissões para acompanhar o destino do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), cujo julgamento entrou em curso na segunda-feira, 2.
Pela primeira vez na história, um chefe de Estado é julgado oficialmente por atentar contra a democracia – Bolsonaro e mais sete aliados são acusados de integrar o núcleo principal de uma tentativa de golpe de Estado pós-eleições de 2022. Caso os crimes sejam comprovados, os réus podem pegar até 43 anos de prisão.
Representante da direita latinoamericana, o nome de Bolsonaro é recusado em redutos progressistas, que esperam pela condenação do ex-militar. Entre bolões de aposta, festivais e música ao vivo, alguns locais dedicam parte de sua programação para acompanhar as decisões que decorrerão do processo do Supremo Tribunal Federal (STF).
Resistência Pub – Mooca, SP
O Café e Bar Resistência inaugurou em 2024 e, logo de início, foi vítima de vandalismo: o pub comunista teve a fachada apedrejada, em um ato classificado pelo dono, Rogério Mazeo, como provocação política.
O local segue uma proposta ideológica clara e inclui eventos de cunho político na rotina de programações. Segundo disse Mazeo à IstoÉ, o estabelecimento serve como ponto de encontro para pessoas que pensam de maneira semelhante, “então, entre os assuntos que são tratados no bar, rotineiramente, é normal serem assuntos políticos”.
É por isso que, agora em 2025, o bar enxerga o julgamento de Bolsonaro como uma oportunidade de celebração. Conforme informou o estabelecimento, em caso de uma eventual condenação do ex-presidente, o chope será vendido pela metade do preço – sendo R$7,50 por 500 ml e apenas R$5,00 por um chope de 300 ml.
Mazeo pondera, porém, que o clima de festa não significa ilusão. Ele considera que Bolsonaro não está sendo julgado por todos os crimes que cometeu e que “jamais será vítima do sistema carcerário” como acontece com outros brasileiros.
“A gente, como é comunista, não está tão iludido com a justiça burguesa. O Bolsonaro não está sendo preso pelos crimes que ele cometeu contra o povo brasileiro, ele está sendo punido por crimes contra a instituição burguesa. Quando ele cometeu um genocídio, tudo bem: a justiça se calou, fechou os olhos e nada acontece. Porque a vítima era o povo brasileiro”, disse o dono do bar.
O proprietário é direto ao dizer que guarda a verdadeira comemoração para o dia da morte do líder da extrema-direita, quando promete oferecer barris de chope gratuitos.
“Se ele morrer, o chope é de graça. Não escondemos de ninguém que celebramos morte de fascista”, acrescentou.
Café com Arte – Belém, PA
O Café com Arte também já possui histórico de posicionamento político. Em 2023, o estabelecimento prometeu a distribuição gratuita de 13 barris de cerveja caso Jair Bolsonaro fosse preso.
Perto do fim do julgamento que decidirá o destino do ex-presidente, o Café reiterou a promessa e repercutiu uma “contagem regressiva” para a promoção.
Bek’s Bar – Curitiba, PR
No Sul do Brasil, o Bek’s Bar criou uma dinâmica em referência ao julgamento do ex-militar. O estabelecimento abriu um bolão para que os clientes apostem quanto tempo de prisão Bolsonaro pegará. Segundo postagem no Instagram, quem chegar mais perto da decisão do STF ganhará o prêmio de 10 gins tônicas.
Velho Espanha – Salvador, BA
O bar Velho Espanha promoverá o VIº Festival Barris de Música, de 2 a 6 de setembro, com música baiana e transmissão ao vivo do julgamento pelo STF. O tema do evento, segundo o local, é “8 anos de Velho Espanha. E Bolsonaro, quantos anos de prisão?”.
Bar do Omar – Rio de Janeiro
Conhecido reduto progressista carioca, o Bar do Omar disse à IstoÉ que organizará um samba no dia em que a eventual sentença de Bolsonaro for emitida.
Casa Porto – Rio de Janeiro
O restaurante Casa Porto iniciou a semana do julgamento convidando os clientes para comer “o que há de melhor para o Brasil”, e dizendo que “o que há de ruim, melhor deixar trancafiado”. Na publicação, eles chamam atenção ao número da mesa – que no lugar de 22 (número eleitoral de Bolsonaro), aparecem os números 21 + 1.