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PIX parcelado é adiado; entenda diferença da modalidade para o cartão de crédito
Foto: Agência O Globo
Economia

PIX parcelado é adiado; entenda diferença da modalidade para o cartão de crédito

CBN

Alternativa

Ao abrir o aplicativo do seu banco e tentar fazer um PIX, você já deve ter se reparado com uma nova opção: o PIX parcelado. Uma nova opção de crédito que promete ser uma alternativa para mais de 60 milhões de brasileiros que não tem acesso a um cartão de crédito. Nesta sexta-feira, o Banco Central adiou o lançamento da modalidade, mas os bancos já oferecem o PIX parcelado para vários clientes, com as próprias regras e juros mais altos. O foco é atingir aqueles que não conseguem comprar produtos muito caros, ou por não terem um cartão ou pouco limite.

 

Mas qual a diferença do PIX parcelado para um cartão?

 

A nova opção tem juros, que varia de banco pra banco – de 2% até 9% ao mês. As parcelas também são definidas pelos bancos conforme o perfil do cliente. Diferentemente do cartão, que não cobra juros, exceto quando o lojista define uma cobrança maior quando se usa essa forma de pagamento.

A Federação Brasileira dos Bancos defende o novo produto e diz que o sistema é um ganha-ganha: pra quem paga como pra quem recebe. O consumidor poderá pesquisar as melhores condições de cada banco e ter a liberdade de comprar produtos mais caros que não teria antes. Apesar dos juros, o diretor de Inovação, Produtos, Serviços e Segurança da Febraban, Ivo Mósca, diz que a operação é mais barata que outras linhas de crédito. E aposta até mesmo no uso de quem já tem um cartão.

 

“O PIX parcelado hoje tem duas opções: ou débito em conta corrente ou débito na conta cartão. O motivo é pra existência dessas duas modalidades é porque cada instituição testou com seus clientes qual era a opção que o cliente preferia e para algumas instituições o cliente realmente preferiu manter o seu controle das suas finanças colocando suas parcelas dentro da fatura do cartão de crédito. Então, nossa expectativa é que o Banco Central promova essas duas experiências como as experiências reguladas porque hoje os clientes estão vendo benefícios em ambas”

 

A nova modalidade deve cair no gosto dos lojistas que não precisarão pagar a taxa das maquininhas de cartão e ainda receberão o valor imediatamente, à vista. Ainda sem a regulamentação pelo BC, o PIX parcelado é pouco usado e a expectativa é que se torne mais conhecido. A Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas lembra, por exemplo, que é uma nova forma de não comprometer o limite do cartão de crédito. Mesmo assim, reconhece que o cartão ainda deve ser a primeira opção do consumidor. Pra isso, aposta em oferecer descontos pra quem pagar com PIX parcelado. A especialista em finanças da CNDL, Merula Borges, afirma que o consumidor terá que colocar na ponta do lápis.

 

 

“O consumidor vai precisar colocar na ponta do lápis. Pra negociar esse desconto com o lojista, pode ser que funcione, mas precisa fazer a conta se esses juros que vai ser cobrado no parcelamento do PIX parcelado vai compensar esse desconto que vai receber na outra ponta. O que a gente vê é que o desconto normalmente ele é menor do que o valor do empréstimo. Tem que tomar cuidado para não acumular uma coisa com a outra, porque toda linha de crédito que é tomada, ela tem seu custo né? Quanto mais opções para tomar conta, mais chances de perder o controle”

 

Mas é por causa dessa facilidade que especialistas consideram a operação arriscada e defendem que o produto não seja liberado, ao menos por ora. Para o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, o uso do nome PIX pode induzir o cliente de que é gratuito e vai aumentar o nível de endividamento dos brasileiros. Atualmente, quase metade dos adultos têm uma dívida em atraso – são quase 78 milhões de consumidores inadimplentes. A Pesquisadora de Infraestrutura Pública Digital no instituto, Viviane Fernandes, teme que ele seja usado para compras diárias, como transporte por aplicativo ou até mensais, como compra no supermercado e vire uma bola de neve. Ela lembra que o público que não tem cartão pode não ter habilidade de gerir o uso.

 

“Isso significa que são pessoas que, talvez, não tenham as habilidades de uso do crédito, porque desconhecem como que funciona, o que está envolvido quando você atrasa esse pagamento, esse parcelamento. Imagina como que vai ser complexa a gestão de inúmeros parcelamentos que vão cair na sua conta de acordo com a data da compra de um produto. Então, se você pagou a corrida do Uber no dia 1 e você parcelou em 3 vezes, todo dia 1º vai cair uma parcela diferente desse parlamento. E aí, depois, no dia 2 você comprou outra coisa parcelada, você vai ter uma outra abertura de empréstimo pessoal com novas cobranças, só que no dia 2"

 

 

A regulamentação do Banco Central deve vir acompanhada de campanhas para que a população conheça a nova modalidade, mas o IDEC cobra também campanhas de conscientização. O instituto ainda cobra a definição de um teto para os juros, mas os bancos dizem que isso não deve ocorrer já que é uma operação de crédito em que não há interferência. O BC deve definir, por exemplo, as regras, os requisitos e as informações que devem ser disponibilizadas aos clientes.

 

CBN

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