
'Parece que a visão da Casa Branca sobre Bolsonaro mudou', avalia economista
Negociações de interesse
O presidente Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conversaram por telefone nesta segunda-feira (6). A avaliação dentro do governo brasileiro é de que o primeiro contato entre os mandatários representou uma evolução nas negociações de interesse para o país.
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Em entrevista ao Viva Voz, no Ponto Final, o economista e professor da Universidade George Washington, Maurício Moura, analisou a reaproximação entre Lula e Trump. Segundo ele, o diálogo marca uma mudança no tom das relações entre Brasil e Estados Unidos.
"Apurei nas minhas fontes da Casa Branca que tem um copo meio cheio e meio vazio para o governo brasileiro. O copo meio cheio é, obviamente, que não havia diálogo direto entre os dois governos de uma forma estabelecida, agora passou a haver. E, obviamente, passou a ter um diálogo entre os chefes de Estado, que é uma grande evolução."
Assuntos mais delicados, como regulação de big techs e o projeto de anistia no Brasil, foram deixados de fora da conversa.
Apesar disso, ele pondera que a nomeação do senador Marco Rubio como interlocutor por parte de Trump pode ser vista com reservas. Rubio esteve ligado à imposição de sanções a ministros do Supremo Tribunal Federal, no contexto da Lei Magnitsky.
"Donald Trump indicou o secretário de Estado, Marco Rubio, para seguir como ponto-chave da negociação e todo mundo sabe na Casa Branca que o Marco Rubio e o Departamento de Estado é justamente o departamento que promoveu as sanções da Lei Magnitsky, as sanções aos juízes da Suprema Corte, as sanções aos ministros. É um departamento que tem muito mais interlocução com os grupos mais entre aças extremistas que apoiam o Trump. Teve a retomada do diálogo, mas não é uma boa notícia ter o Marco Rubio como ponto de contato da negociação."
Para Moura, também há indícios de que Donald Trump vem se afastando do ex-presidente Jair Bolsonaro e de sua base ideológica. O presidente dos EUA estaria reavaliando sua percepção sobre o peso político do bolsonarismo no Brasil.
"Parece que mudou a visão da Casa Branca sobre a situação real do Jair Bolsonaro no Brasil. Existia uma visão que foi passada para eles que se o Jair Bolsonaro fosse preso ia ter uma mobilização nacional e uma comoção nacional que justificaria o Trump ir lá e salvar o Jair Bolsonaro, mas isso não se materializou. Agora parece que tem uma visão da Casa Branca que o Lula é um líder relevante no Brasil e que não adianta achar que está todo mundo contra o Lula."