Moraes vota para condenar kids pretos por trama golpista, mas absolve general
O ministro Alexandre de Moraes votou pela condenação de nove dos dez réus do chamado “núcleo 3” da trama golpista atribuída ao entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro, absolvendo apenas o general Estevam Theophilo por falta de provas. Dois militares tiveram penas reduzidas, podendo negociar acordos sem prisão. O grupo, formado por nove militares e um policial federal conhecidos como “kids-pretos”, é acusado de planejar ações para abolir o Estado Democrático de Direito e até sequestrar autoridades, incluindo o próprio Moraes, Lula e Alckmin. O julgamento foi suspenso após o voto do relator e deve continuar com os demais ministros da Primeira Turma. Até agora, o STF já condenou 15 réus em outros núcleos relacionados ao caso.
O ministro Alexandre de Moraes, da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira, 18, para condenar nove dos dez réus do “núcleo 3” da trama golpista ocorrida durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. O magistrado decidiu absolver o general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, acusado de dar aval aos planos golpistas e de incentivar Jair Bolsonaro a assinar um decreto de ruptura institucional.
Para Moraes, as provas anexadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) não são suficientes para condenar o general. Além disso, o ministro também optou por condenar outros dois militares por apenas dois crimes, abrindo brecha para eles fecharem acordos e não serem presos. Com isso, os militares Ronald Ferreira de Araújo e Márcio Nunes de Resende foram condenados somente por incitação ao crime e associação criminosa. Após a conclusão do voto do relator, o julgamento foi suspenso e deve retornar após às 14h com o voto de Cristiano Zanin.
Veja como foi o voto de Moraes
Em seguida, serão proferidos os votos dos ministros Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Flávio Dino. Com a mudança de Luiz Fux para a Segunda Turma, somente os quatro ministros vão participar do julgamento.
Nas duas sessões realizadas na semana passada, o colegiado ouviu as sustentações da Procuradoria-Geral da República (PGR), que se manifestou pela condenação dos réus, e das defesas, que negaram participação dos acusados na trama.
O núcleo é composto por nove militares do Exército e um policial federal. Eles respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
Os acusados são conhecidos como “kids-pretos”, militares que integraram o grupamento de forças especiais do Exército. Eles são acusados pela PGR de planejar “ações táticas” para efetivar o plano golpista e tentar sequestrar e matar o ministro Alexandre de Moraes, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Fazem parte deste núcleo os seguintes investigados:
- Bernardo Romão Correa Netto (coronel);
- Estevam Theophilo (general);
- Fabrício Moreira de Bastos (coronel);
- Hélio Ferreira Lima (tenente-coronel);
- Márcio Nunes de Resende Júnior (coronel);
- Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel);
- Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel);
- Ronald Ferreira de Araújo Júnior (tenente-coronel);
- Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (tenente-coronel);
- Wladimir Matos Soares (policial federal).
Outros núcleos
Até o momento, o STF já condenou 15 réus pela trama golpista. São sete condenados do Núcleo 4 e mais oito acusados que pertencem ao Núcleo 1, liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
O grupo 2 será julgado a partir de 9 de dezembro.
O núcleo 5 é formado pelo empresário Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente da ditadura João Figueiredo. Ele mora dos Estados Unidos, e não há previsão para o julgamento.