Ministra promete perícia independente do governo após megaoperação no Rio

Em meio à força-tarefa para identificação dos corpos após a megaoperação policial no Rio, a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, prometeu uma perícia independente do governo para apurar as circunstâncias da ação.

Durante encontro com familiares dos mortos e lideranças comunitárias, Macaé afirmou que a operação foi “um horror inominável” e que a segurança pública precisa estar ligada a políticas de educação e saúde. A ministra criticou a falta de inteligência das forças e anunciou uma comissão emergencial, com vários ministérios, para oferecer apoio psicossocial e garantir serviços públicos e oportunidades de trabalho à comunidade.

"Desde o acompanhamento dos casos, acompanhamento das perícias, a gente tem uma demanda da comunidade de se estabelecer perícias que sejam independentes, autônomas. O nosso Conselho Nacional dos Direitos Humanos já nos comunicou sobre isso e a gente está trabalhando para que isso se efetive."

As declarações contrastam com o posicionamento do governo estadual. O governador Cláudio Castro, no dia seguinte à operação, chamou a ação de “sucesso”, destacando a prisão de mais de 80 pessoas e a apreensão de 118 armas.

Também nesta comitiva de integrantes do governo estavam deputados da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Eles visitaram o Instituto Médico Legal e o posto de atendimento às famílias. Os deputados denunciaram desorganização, demora na liberação dos corpos e defenderam a ampliação da perícia externa para garantir transparência nas investigações.

Em Brasília, a Defensoria Pública da União entrou com um pedido cautelar no STF para acompanhar as perícias dos corpos das vítimas da operação nos complexos da Penha e do Alemão. A solicitação foi feita no âmbito da ADPF das Favelas para garantir transparência e imparcialidade nas investigações. O órgão também requer participação na audiência marcada para a próxima segunda-feira, entre o governador Claudio Castro e o ministro Alexandre de Moraes.