Mais de 60 corpos são levados por moradores para praça na Penha após megaoperação
A megaoperação policial realizada nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, deixou 64 mortos, tornando-se a mais letal da história do estado. Moradores levaram dezenas de corpos para a Praça São Lucas em protesto, denunciando execuções e abusos. A ação, que visava lideranças do Comando Vermelho, transformou a região em um cenário de guerra, com o uso de drones e explosivos. A ONU e diversas entidades de direitos humanos condenaram a operação, classificando-a como um ato de terror contra a população.
Moradores do Rio de Janeiro se mobilizaram nesta quarta-feira, 29, para levar corpos de mortos durante a megaoperação de terça-feira, 28, para a praça São Lucas, no complexo da Penha. Imagens dos cadáveres enfileirados em uma rua foram divulgadas nas redes sociais. De acordo com o líder comunitário Raull Santiago, mais de 60 corpos foram levados para o local.
Segundo o último balanço oficial divulgado pelo governo do estado do Rio de Janeiro, 64 pessoas foram mortas durante a megaoperação. Ainda não se sabe se os cadáveres levados para a praça hoje fazem parte da contagem das autoridades.
“Evidente ali as execuções, marca de queimadura, ou seja, pessoas amarradas, você tem pessoas ali que foram rendidas e assassinadas friamente”, disse à AFP o advogado Albino Pereira Neto, que representa três famílias que perderam parentes.
A megaoperação deflagrada pelas policias Civis e Militar do Estado, com apoio do Ministério Público do Rio, tinha na mira lideranças do Comando Vermelho (CV) e o combate ao tráfico de drogas nos complexos da Penha e do Alemão.
A operação, batizada de Contenção, já é considerada a mais letal da história do Estado. A facção reagiu e lançou bombas por meio de drones, o que transformou a região em um cenário de guerra, com reflexos em importantes vias da cidade, como a Avenida Brasil e a Linha Amarela.
Organizações internacionais e grupos da sociedade civil condenaram a operação. A ONU disse estar “horrorizada” e 30 entidades, incluindo a Anistia Internacional, denunciaram a ação que põe a cidade “em estado de terror”.
* Com informações do Estadão Conteúdo e da AFP