Investigados por trama golpista atuaram em seis ‘núcleos’; entenda
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes enviou para o Ministério Público Federal (MPF), nesta terça-feira, 26, o inquérito da Polícia Federal que investiga uma suposta trama golpista para evitar a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022.
No documento, Moraes informa que a PF identificou seis núcleos de atuação do investigados com objetivo de disseminar notícias falsas, atacar as instituições e promover um golpe de Estado. No total, 37 pessoas foram indiciadas. Agora, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, irá avaliar se apresenta ou não uma denuncia contra os investigados.
Na decisão, o magistrado opitou por retirar o sigilo de parta da investigação, preservando apenas a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), presente na maior parte dos núcleos.
Segundo a PF, a divisão dos seis núcleos era a seguinte:
Núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral
O grupo formado por Mauro Cid, Anderson Torres, Angelo Martins Denicoli, Fernando Cerimedo, Eder Lindsay, Hélio Ferrerira Lima, Guilherme Marques Almeida, Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros e Tércio Arnaud Tomaz é acusado de produzir, divulgar e ampliar notícias falsas sobre a lisura das eleições presidenciais de 2022 “com a finalidade de estimular seguidores a permanecerem na frente de quarteis e instalações, das Forças Armadas, no intuito de criar o ambiente propício para o Golpe de Estado”.
Núcleo responsável por incitar militares à aderirem ao golpe de Estado.
Formado por Walter Braga Netto, Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, Ailton Gonçalves Moraes Barros, Bernardo Romão Correa Neto e Mauro Cid, o grupo atuava, conforme a PF, escolhendo “alvos para amplificação de ataques pessoais contra militares em posição de comando queresistiam às investigadas golpistas”.
“Os ataques eram realizados a partir da difusão em múltiplos canais e através de influenciadores em posição de autoridade perante a ‘audiência’ militar”, diz a PF no documento.
Núcleo jurídico
Ainda segundo a PF, Mauro Cid junto a Filipe Garcia Martins Pereira, Anderson Torres, Amauri Feres Saad e José Eduardo de Oliveira e Silva, atuava fazendo o “assessoramento e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado”.
Núcleo operacional de apoio às ações golpistas
Com Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, Bernardo Romão Correa Neto, Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliverira, Alex de Araújo Rodrigues e Cleverson Ney Magalhães, o grupo era coordenado por Mauro Cid e “atuava em reuniões de planejamento e execução de medidas no sentido de manter as manifestações em frente aos quartéis militares, incluindo a mobilização, logística e financiamento de militares das forças especiais em Brasília”.
Núcleo de inteligência paralela
De acordo com a PF, o núcleo formado por Agusto Helelo, Marcelo Costa Camara e Mauro Cid coletava dados e informações que
pudessem auxiliar a tomada de decisões do então presidente Jair Bolsoanaro (PL) na consumação do golpe de Estado. O grupo também monitorava o itinerário, deslocamento e localização de Moraes e de outras autoridades da República “com objetivo de captura e detenção quando da assinatura do decreto de golpe de Estado”.
Núcleo de oficiais de alta patente com influência e apoio a outros núcleos.
Por fim, a Polícia Federal destaca a atuação de Walter Braga Netto, Almir Garnier Santos, Mario Fernandes, Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, Laércio Vergílio e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que seriam responsáveis por utilizar a alta patente militar que detinham para influenciar e incitar “apoio aos demais núcleos de atuação por meio do endosso de ações e medidas a serem adotadas para consumação do golpe de Estado”.