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Implicações para o planeta. Estabelecido novo máximo de calor nos oceanos
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Meio Ambiente

Implicações para o planeta. Estabelecido novo máximo de calor nos oceanos

RTP

A temperatura dos oceanos atinge o nível mais elevado alguma vez registado, à medida que estes absorvem o calor resultante das alterações climáticas. Segundo o serviço europeu para as alterações climáticas, Copérnico, a temperatura média diária da superfície do mar bateu esta semana o recorde de 2016. Atingiu 20.96ºC, valor muito superior à média para esta época do ano.

Águas mais quentes têm menos capacidade de absorver dióxido de carbono, o que significa que uma maior quantidade deste gás que aquece o planeta permanece na atmosfera.

Além disso, pode acelerar o degelo dos glaciares, provocando a subida do nível do mar.Os oceanos são um regulador climático vital. Absorvem o calor, produzem metade do oxigénio da Terra e determinam os padrões meteorológicos.

Oceanos mais quentes e ondas de calor perturbam as espécies marinhas, como os peixes e as baleias, que se deslocam em busca de águas mais frias, o que acaba por perturbar a cadeia alimentar. Os especialistas alertam para o facto de as unidades populacionais poderem ser afetadas.

Alguns animais predadores, incluindodo os tubarões, podem tornar-se agressivos ao confundirem-se com as temperaturas mais elevadas.

“A água está quente, parece um banho”, afirmou, em declarações à BBC, Kathryn Lesneski, que está a monitorizar uma onda de calor marinha no Golfo do México para a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica.

“Neste momento, há um branqueamento generalizados dos recifes de corais pouco profundos na Florida e muitos corais já morreram”, acrescentou.

Já Matt Frost, do Laboratório Marinho de Plymouth, no Reino Unido, frisa que a poluição e a sobrepesca também afetam os oceanos. “Estamos a colocar os oceanos sob maior pressão do que em qualquer outro momento da história”.

Os cientistas estão também preocupados com a altura em que o recorde foi quebrado.
Segundo Samantha Burgess, do Copérnico, os oceanos deveriam estar mais quentes em março e não em agosto: “O facto de termos batido o recorde agora deixa-me preocupada quanto ao aquecimento que o oceano pode vir a ter entre agora e o próximo mês de março”.

Os cientistas estão a investigar o motivo pelo qual os oceanos estão mais quentes nesta altura, mas realçam que as alterações climáticas estão a tornar os mares mais quentes, uma vez que absorvem a maior parte do aquecimento provocado pelas emissões de gases com efeitos de estufa.

“Quanto mais combustíveis fósseis forem queimados, mais calor em excesso será absorvido pelos oceanos, o que significa que será necessário mais tempo para os estabilizar e voltar ao que eram”, sublinhou a especialista do Copérnico.
Novo El Niño
O novo recorde da temperatura média bate o estabelecido em 2016, quando o fenómeno natural caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, batizado de El Niño, estava no seu ponto mais forte.O El Niño ocorre quando a água quente sobe à superfície ao largo da costa ocidental da América do Sul, provocando um aumento nas temperaturas globais.

Os cientistas consideram que começou agora um novo El Niño, que ainda é fraco, o que significa que se espera que as temperaturas dos oceanos possam subir acima da média nos próximos meses.

Segundo a BBC, o recorde de temperatura agora registado segue-se a uma série de ondas de calor marítimas este ano, incluindo no Reino Unido, Atlântico Norte e Golfo do México.

“As ondas de calor marítimas a que estamos a assistir estão a ocorrer em locais invulgares, onde não eram previsíveis”, sublinhou Samantha Burgess.

Em junho, as temperaturas das águas no Reino Unido foram três a cinco graus Celsius superiores à média, segundo a Agência Espacial Europeia.

Na Florida, as temperaturas da superfície do mar atingiram os 38,44ºC na passada semana. Para a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), as temperaturas normais deveriam situar-se entre os 23ºC e os 31ºC.

Segundo o Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC), a frequência das ondas de calor marítimas duplicou entre 1982 e 2016, tendo-se tornado mais intensas e longas desde a década de 1980.

Apesar de as temperaturas do ar terem registado alguns aumentos dramáticos nos últimos anos, os oceanos demoram mais tempo a aquecer, mesmo assim absorveram 90 por cento do aquecimento da Terra provocado pelas emissões de gases com efeito de estufa.

Mas há agora sinais de que as temperaturas da água dos oceanos podem recuperar. Uma teoria é que muito do calor foi armazenado nas profundezas do oceano e está agora a vir à superfície devido ao El Niño.

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