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Governo passa a recomendar mamografia a partir dos 40 anos, mesmo sem sintomas de câncer
Honório Moreira/OIMP/D.A Press
Saúde

Governo passa a recomendar mamografia a partir dos 40 anos, mesmo sem sintomas de câncer

Correio Braziliense

A idade limite, que até então era de 69 anos, passará a ser até 74 anos

O câncer de mama é o mais comum e o que mais mata mulheres, com 37 mil casos por ano. O Ministério da Saúde, visando melhorar o diagnóstico e assistência contra o tumor maligno da doença, anunciou, nesta terça-feira (23/9), que vai garantir o acesso à mamografia no Sistema Único de Saúde (SUS) a mulheres de 40 a 49 anos, mesmo sem sinais ou sintomas de câncer. 

A faixa etária concentra 23% dos casos da doença e a detecção precoce aumenta as chances de cura. A recomendação é que mulheres com essa idade tenham os exames feitos sob demanda, e a paciente deve ser orientada sobre os benefícios e desvantagens de fazer o rastreamento. 

O grupo apresentava dificuldades com o exame em rede pública devido à necessidade de apresentar sintomas. As mamografias no SUS em pacientes com menos de 50 anos representam, porém, 30% do total, equivalente a mais de 1 milhão em 2024.

A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) considerou a medida anunciada hoje uma vitória para a saúde das mulheres brasileiras. A entidade, desde 2008, recomenda que o rastreamento mamográfico seja iniciado aos 40 anos, em frequência anual, posição defendida com base em evidências científicas e na realidade epidemiológica do país.

“Há muitos anos a SBM luta para que as brasileiras tenham acesso ao rastreamento precoce a partir dos 40 anos. Cerca de 40% dos casos de câncer de mama são diagnosticados entre os 40 e 50 anos, o que mostra o quanto essa decisão pode salvar vidas. Esta é uma conquista de toda a sociedade é resultado de um trabalho persistente de sensibilização junto ao poder público”, afirmou Tufi Hassan, presidente da SBM.

“Garantir a mamografia a partir dos 40 anos no SUS é uma decisão histórica. Estamos ampliando o acesso ao diagnóstico precoce em uma faixa etária que concentra quase um quarto dos casos de câncer de mama. Enquanto alguns países erguem barreiras e restringem direitos, o Brasil dá o exemplo ao priorizar a saúde das mulheres e fortalecer o sistema público”, destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Rastreamento ativo

Outra novidade é a ampliação da faixa etária para o rastreamento ativo, quando a mamografia deve ser solicitada de forma preventiva a cada dois anos. A idade limite, que até então era de 69 anos, passará a ser até 74 anos. Quase 60% dos casos da doença estão concentrados dos 50 aos 74 anos e o envelhecimento é um fator de risco para o câncer de mama. 

“Comemoramos esta conquista, mas nosso compromisso é permanente. Seguiremos acompanhando de perto a implementação dessas políticas públicas, monitorando os indicadores de saúde mamária e cobrando sua efetiva regulamentação e inclusão no orçamento. Em saúde, não basta estar no papel, é preciso garantir que o acesso aconteça na prática, com qualidade e equidade para todas as mulheres brasileiras”, frisou o presidente da SBM. 

Outubro Rosa 

No mês de conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama ocorre no país uma mobilização com a oferta de 27 carretas de saúde da mulher em 22 estados. A ação faz parte do programa Agora Tem Especialistas, criado pelo Ministério da Saúde.

Segundo Padilha, só o diagnóstico precoce pode inverter a situação da mortalidade. “Temos a responsabilidade de fazer, neste ano, o Outubro Rosa mais potente da história dos 35 anos do SUS. Precisamos garantir que as mulheres tenham acesso ao exame no momento certo e ao início do tratamento o mais rapidamente possível. É isso que dá sentido às mudanças que estamos implementando no rastreamento”, reforçou o ministro da Saúde.

Além disso, o SUS irá disponibilizar novos medicamentos para o tratamento do câncer de mama. Um deles é o trastuzumabe entansina, indicado para pacientes que ainda apresentam sinais da doença mesmo após a primeira fase do tratamento com quimioterapia antes da cirurgia. O outro grupo são os inibidores de ciclinas (abemaciclibe, palbociclibe e ribociclibe), recomendados para pacientes com câncer de mama avançado ou metastático, quando a enfermidade já se espalhou para outras partes do corpo, e que têm receptor hormonal positivo e negativo.

“Estamos incorporando medicamentos de última geração ao SUS, com negociações que garantiram até 50% de desconto. Isso significa que milhares de mulheres terão acesso a terapias modernas, que em outros países só chegam a quem pode pagar. Essa é a diferença de um sistema universal: aqui, saúde é direito e não privilégio”, frisou Padilha.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

Correio Braziliense

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