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Enel SP tem 3,6 mil funcionários a menos do que quadro de 2019
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Brasil/Mundo

Enel SP tem 3,6 mil funcionários a menos do que quadro de 2019

Redação com web

A Enel SP, responsável pela distribuição de energia em 24 cidades da região metropolitana de São Paulo, enfrenta uma série de críticas e desafios operacionais. Apesar de prometer melhorias e aumentar suas equipes, o número de colaboradores ainda é 15,31% menor do que em 2019. A empresa tem sido criticada por sua lenta resposta a apagões causados por eventos climáticos extremos, como ciclones e tempestades, e tem enfrentado multas e processos devido à demora no restabelecimento da energia. A companhia anunciou investimentos bilionários para modernizar a infraestrutura e melhorar a resiliência das redes, mas a efetividade dessas ações tem sido questionada tanto por autoridades quanto por consumidores.

A Enel SP, responsável pela distribuição de energia para 24 cidades da região metropolitana de São Paulo, incluindo a capital, voltou a fazer contratações, conforme prometido, mas o quadro ainda é menor que o de 2019, quando assumiu a operação. De acordo com o balanço do terceiro trimestre de 2025, são 20.185 colaboradores, somando próprios e terceirizados. Em 2019 esse número era de 23.835, ou seja, uma diferença de 3.650 pessoas, ou um quadro 15,31% menor.

Do fim de 2023 até agora, a Enel SP se comprometeu a aumentar suas equipes e melhorar a resiliência das redes elétricas, anunciando investimentos bilionários para se preparar para os eventos climáticos extremos mais recorrentes.

Em setembro do ano passado, a Enel SP anunciou que iria ampliar suas operações de campo com a contratação de cerca de 5 mil novos colaboradores próprios e incorporação de 1.650 novos veículos à frota até 2026, como forma de se preparar para atuar após impactos no fornecimento de energia causados por eventos climáticos.

Os dados constam nos balanços de resultados divulgados pela empresa trimestralmente. Foram usados os números referentes aos encerramento de cada ano, ou 4º trimestre, com exceção de 2025.

A diferença no número de colaboradores terceirizados entre 2019 e 2025 é de 1.846 a menos, e de colaboradores próprios é de menos 1.804 no mesmo período. Já o número de consumidores faturados (unidades consumidoras) cresceu em 782.468 nos últimos quase seis anos.

A Enel SP foi procurada por IstoÉ Dinheiro para um posicionamento sobre o assunto e aguarda retorno. O espaço segue aberto e o texto será atualizado assim que houve resposta.

2019 foi o primeiro ano de atuação da Enel após comprar a AES Eletropaulo, que detinha, desde 1999, a concessão de distribuição de energia em São Paulo. A multinacional italiana adquiriu 73,38% das ações da Eletropaulo por R$ 5,55 bilhões, em leilão realizado na bolsa brasileira, a B3.

Nesta semana, a Enel SP, novamente, teve que lidar com uma crise de abastecimento de energia gerada por questões climáticas. São Paulo foi atingida por um ciclone extratropical na última quarta-feira, 10, que deixou cerca de 2 milhões de imóveis sem energia.

Segundo a Enel, o evento climático causou danos severos à infraestrutura elétrica em diversas regiões e, que, para acelerar os reparos, a companhia mobilizou cerca de 1.600 equipes nos últimos três dias. A distribuidora diz que em alguns pontos, o trabalho é mais complexo, exigindo a reconstrução completa de trechos da rede, com substituição de postes, transformadores e até recondução de quilômetros de cabos. Na tarde desta sexta-feira, 12, mais de 600 mil imóveis seguem sem energia na região.

A situação gerou embate entre a empresa e autoridades. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, chegou a dizer em entrevista que a informação dada pela empresa, de que destacou 1.600 equipes para lidar com crise desta semana, é falsa. “Pegamos os dados das placas dos veículos que a Enel diz que tem, colocamos no SmartSampa e essas placas não aparecem circulando em nenhum local da cidade de São Paulo“, disse.

Restabelecimento de energia por ciclone é mais lento do que 2023 e 2024

O restabelecimento dos serviços de energia elétrica na região metropolitana de São Paulo pela concessionária local da Enel, após a passagem de um ciclone extratropical nesta semana, tem sido mais lento do que nos eventos climáticos extremos de 2023 e 2024 que despertaram críticas à distribuidora e resultaram em penalidades.

Dados da plataforma da Enel São Paulo mostram que cerca de 670 mil consumidores estavam com o fornecimento de energia interrompido às 13h30 desta sexta-feira, dois dias depois da entrada na região de um ciclone que trouxe ventos com rajadas de quase 100 km/h.

A quantidade de clientes sem luz mais de 48 horas depois do início da ventania é superior à verificada em outubro de 2024, quando uma tempestade chegou a deixar 3,1 milhões de consumidores sem energia, e também em novembro de 2023, no primeiro episódio que acendeu o alerta sobre a velocidade de resposta da empresa a emergências.

Promessas em 2024

Em 12 de setembro de 2024 a Enel anunciou que estava se preparando para o enfrentamento de eventos climáticos com a ampliação de suas operações de campo com a contratação de cerca de 5 mil novos colaboradores próprios e incorporação de 1.650 novos veículos à frota até 2026.

Aneel mantém multa de R$ 165,8 milhões à Enel por apagão em 2023

As ações seriam parte de um plano de investimentos de R$ 20 bilhões anunciados pela Enel Brasil em junho daquele ano, em recursos que serão aplicados nos próximos anos, principalmente para reforçar as operações de suas distribuidoras de energia nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará.

Na ocasião, o CEO da Enel Brasil, Antonio Scala, destacou o aumento do nível anual de investimentos a serem executados nas concessionárias do grupo. Em São Paulo, o valor investido anualmente passaria para R$ 2 bilhões em 2024-2026, ante patamar de R$ 1,4 bilhão registrado em 2018-2023.

Segundo o executivo, os aportes são focados na modernização, reforma das redes de baixa tensão e automação, com o objetivo de melhorar a qualidade da energia fornecida aos consumidores e responder mais rapidamente a ocorrências como quedas de energia a partir, por exemplo, de gerenciamento remoto.

Serão instalados mais de 1,5 mil novos dispositivos de telecontrole, somando as três distribuidoras, sendo 650 apenas em São Paulo, disse a companhia.

Em outra frente, a Enel reforçaria as manutenções preventivas, com aumento das podas de árvores. Na distribuidora paulista, foram realizadas em 2024 600 mil podas na área de concessão, o dobro do ano anterior, segundo Scala.

Toda essa promessa foi feita também diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “A gente está disposto a renovar o acordo se eles assumirem o compromisso de fazer investimento, e eles assumiram o compromisso de ao invés de investirem R$ 11 bilhões, eles vão investir R$ 20 bilhões nos próximos três anos, prometendo que não haverá mais apagão em nenhum lugar em que eles forem responsáveis”, disse Lula.

 “São Paulo, a maior capital, cidade mais importante do país, não pode ficar sem energia”, reforçou o presidente.

Cenário semelhante em outubro de 2024 e novembro de 2023

Em outubro do ano passado a Enel SP passou por novos questionamentos sobre sua atuação como companhia de energia elétrica. Na noite do dia 11 daquele mês, um temporal com fortes ventos atingiu São Paulo e, como resultado, mais de 2 milhões de pessoas ficaram no escuro na região metropolitana da capital.

Três dias depois, quando ainda meio milhão de pessoas estavam sem luz, a companhia deu um prazo de 3 dias para restabelecer totalmente fornecimento de energia. Enquanto isso, estabelecimentos como bares, restaurantes e padarias contabilizavam o prejuízo causados por horas sem eletricidade.

Todo esse cenário ocorreu em menos de um ano de situação vivida no início de novembro de 2023, quando alguns paulistanos chegaram a ficar sem luz por uma semana após uma forte tempestade, que também causou apagões e prejuízos.

A escuridão de novembro rendeu duas multas para Enel. Em fevereiro, a Aneel multou a companhia em R$ 168,5 milhões. Em abril, o Procon-SP aplicou uma multa de R$ 12,9 milhões, por falhas no serviço de energia. A Enel ainda foi alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal que pediu o fim do contrato com a companhia e cobrou investimentos de R$ 6,2 bilhões na rede de energia da capital paulista.

Em abril, a 22ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve liminar que obriga a companhia a reduzir a falta de luz no estado.

Problemas em outros estados

A dificuldade da empresa em lidar com situações de emergência e reestabelecer o fornecimento de energia e a frequência de interrupção dos serviços levou a Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça e Segurança Pública a multar a filial no Rio de Janeiro em R$ 13,067 milhões.

Em agosto deste ano, a Agência Reguladora do Estado do Ceará (Arce) aplicou uma multa de R$ 28,5 milhões à duração das interrupções de energia, incluindo a demora nas religações. Segundo a agência, entre 2021 e 2023, o número de reclamações contabilizadas pela ouvidoria saltou 82,3%.

Ainda segundo a Arce, os problemas seguiram em 2024, com o número de reclamações entre janeiro e julho já superando o registrado em todo o ano de 2023.

Enel teve que sair de Goiás

A empresa já teve atuação também no estado de Goiás, mas foi obrigada a vender sua concessão após três anos de um imbróglio que envolveu o governo estadual e a Aneel. Isso porque, quando comprou a Companhia Energética de Goiás (Celg) por mais de R$ 2 bilhões em 2017, prometeu reduzir as quedas de energia no estado em 40% em um prazo de três anos, por meio de investimentos para modernização da infraestrutura de distribuição.

A promessa não se cumpriu e a decisão das autoridades foi de repassar a operação para a Equatorial por R$ 1,6 bilhão em 2022.

Crise cruza fronteiras

Os consumidores chilenos passam pelos mesmo problemas que os brasileiros. Em agosto, a mesma situação ocorreu no país. A companhia demorou cinco dias para reestabelecer a energia de apenas a metade das 1 milhão de unidades consumidoras que ficaram sem luz após uma forte tempestade com rajadas de ventos de mais de 100km/h. Por lá, a concessão da empresa também está sob risco, após o ministro de Minas e Energia do país, Diego Pardow, anunciar o início de um processo para rever a concessão.

Na Itália, país de origem da empresa, as reclamações se concentram sobre os valores das tarifas do serviço de energia e como os reajustes são mal comunicados. Mas a multa 80 milhões de euros recebida pela empresa naquele país foi por causa do tratamento incorreto de dados de usuários, usados em ações de telemarketing.

*Com informações de Reuters

Redação com web

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