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Egressas do curso de Fonoaudiologia da Uncisal são pioneiras em Terapia Assistida por Cães em Alagoas
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Saúde

Egressas do curso de Fonoaudiologia da Uncisal são pioneiras em Terapia Assistida por Cães em Alagoas

Redação com assessoria

As fonoaudiólogas Emely Maria dos Santos Silva e Silmara Gabriela da Silva, egressas da Uncisal, inovaram ao introduzir em Alagoas a Terapia Assistida por Animais (TAA) na Fonoaudiologia, com apoio da cadela Bloom, primeira terapeuta canina certificada do estado. A iniciativa, desenvolvida na Casa Infância e por meio da empresa Afeto, tem mostrado resultados expressivos na comunicação e no comportamento de crianças com autismo. O trabalho, destaque no Congresso Acadêmico da Uncisal, une ciência, sensibilidade e inclusão, consolidando Alagoas como referência no uso terapêutico do vínculo humano-animal.

A comunicação pode nascer de muitas formas: de um gesto, um olhar ou até de um latido acolhedor. Em Maceió, duas egressas da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) têm mostrado que o afeto também pode ser terapêutico. As fonoaudiólogas Emely Maria dos Santos Silva (turma de 2020) e Silmara Gabriela da Silva (turma de 2016) são as primeiras profissionais do estado a aplicar a Terapia Assistida por Animais (TAA) na Fonoaudiologia, com o apoio da cadela Bloom, uma Golden Retriever de dois anos e primeira terapeuta canina certificada em Alagoas.

 

Formadas pela Uncisal, Emely e Silmara compartilham uma trajetória marcada pela busca por novas formas de promover desenvolvimento e inclusão. A ideia de trazer a Terapia Assistida por Animais para a prática clínica surgiu da experiência pessoal de Emely com seu primeiro cão de assistência, Zeus.

 

“Durante o treinamento do Zeus, tive contato com clínicas em São Paulo que já utilizavam essa abordagem. Vi o impacto que o vínculo humano-animal gerava nas crianças e decidi trazer essa experiência para Alagoas, ao lado do meu esposo, João Vitor, adestrador e responsável técnico pelo treinamento de cães. Nosso objetivo era integrar o afeto à técnica, oferecendo um ambiente mais motivador para crianças que já estavam cansadas da terapia convencional”, relata Emely Maria dos Santos Silva.

 

A iniciativa deu origem à Afeto, empresa especializada em creche e hotel canino, que agora também abriga o Centro de Treinamento Canino (CT), voltado à preparação de cães terapeutas e de suporte emocional para famílias e profissionais da saúde e educação. Além de oferecer hospedagem e adestramento, a Afeto tem se consolidado como referência em práticas que unem cuidado animal, ciência e propósito terapêutico.

 

“A formação que tivemos na Uncisal foi essencial para construir esse olhar inovador. O curso passou por uma reforma curricular que ampliou a visão multidisciplinar e nos ensinou a enxergar o paciente como um todo, respeitando os limites e, ao mesmo tempo, buscando diferenciação no mercado”, destaca Silmara Gabriela da Silva, que também é mestranda em Educação Especial pela Ufal e atua no desenvolvimento da comunicação de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).


 

Resultados que falam por si

 

Atualmente, Emely e Silmara atuam com Bloom na Casa Infância, onde desenvolvem terapias voltadas à estimulação da comunicação, alimentação e regulação emocional. Os resultados observados nas crianças com TEA são expressivos e cientificamente mensuráveis.

 

“Em termos quantitativos, já tivemos sessões em que a produção verbal de uma criança passou de 400 para 900 palavras, mantendo os mesmos objetivos terapêuticos. Isso mostra o quanto o vínculo com a Bloom potencializa o engajamento e o aprendizado”, explica Emely.

 

Os dados são analisados a partir de protocolos padronizados da Fonoaudiologia, como o ABFW, e têm revelado avanços em atenção conjunta, empatia, intenção comunicativa e repertório verbal. Entre os muitos casos acompanhados, dois marcaram profundamente as profissionais: o de Y.O., de aproximadamente 4 anos de idade, que era não verbal, e o de N. M., com cerca de 6 anos de idade, diagnosticado com TEA e TDAH.

 

“Y.O. começou a interagir, criar histórias e ampliar o vocabulário. Foi quem apresentou o aumento mais expressivo de palavras em uma sessão. Hoje, chega à clínica perguntando: ‘Cadê minha amiga Bloom?’”, conta Emily. “Essa relação afetiva transforma a terapia em algo prazeroso, em que o brincar e o comunicar se fundem”, completa.

 

O impacto também é percebido pelas famílias. L. M., mãe de G.M., de 6 anos, uma criança autista de nível 1 de suporte, resume o que mudou desde que a cadela entrou na vida da família: “A convivência com a Bloom trouxe mudanças profundas. Hoje, G.M. expressa melhor o que sente, demonstra afeto e se conecta mais com o mundo. A Bloom abriu uma porta para o amor, o respeito e a confiança”, afirma.


 

De volta à Uncisal

 

O trabalho das egressas ganhou destaque durante o Congresso Acadêmico e Científico da Uncisal (CACUN 2025), realizado entre 30 de setembro e 3 de outubro de 2025, no qual participaram da mesa-redonda “A Presença que Comunica: Terapia Assistida por Cão na Fonoaudiologia em Alagoas”. Para elas, retornar à universidade como protagonistas de uma prática inédita foi simbólico.

 

“Rever professores e apresentar um trabalho pioneiro, quatro anos após me formar, foi emocionante. Ver o interesse dos alunos mostra que estamos ajudando a formar profissionais mais humanos e atentos às necessidades das crianças”, relata Emely. “Foi uma forma de retribuir à Uncisal o que recebemos dela: uma formação que une ciência e sensibilidade”, complementa Silmara.


 

O próximo passo das fonoaudiólogas é consolidar o Afeto Assistance Dogs como referência no Nordeste em treinamento e certificação de cães terapeutas e de suporte emocional. O centro também pretende atuar com filhotes descendentes de cães terapeutas, selecionando-os de acordo com o perfil das famílias e dos profissionais.

 

“Queremos que os cães ‘escolham’ suas famílias, fortalecendo o vínculo desde o início. Nosso propósito é seguir com inovação, formação continuada e compromisso técnico, sempre centrados no bem-estar infantil”, afirmam Emely e Silmara.

 

A repercussão do trabalho das egressas reforça o papel da Uncisal na formação de profissionais comprometidos com a ciência e a humanização do cuidado. “É motivo de muito orgulho ver nossas egressas ampliando as fronteiras da Fonoaudiologia em Alagoas. A prática fonoaudiológica por meio da Terapia Assistida por Animais tem o poder de transformar vidas e promover a inclusão de pessoas com diferentes necessidades, mostrando o impacto real do conhecimento aliado à sensibilidade humana”, destaca a coordenadora do curso de Fonoaudiologia da Uncisal Vanessa Porto.

 

“Com a Bloom, a Fonoaudiologia alagoana descobre que a presença também comunica e que, às vezes, o maior avanço da fala começa em um simples gesto de afeto”, concluem as egressas da Uncisal.

Redação com assessoria

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