Crianças e adolescentes podem usar maquiagem? Médicos fazem alerta
Orientação
O crescimento do interesse de crianças e adolescentes pelo universo da beleza e por maquiagem tem chamado a atenção de especialistas. Diante desse cenário, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou um guia científico com orientações sobre o uso de cosméticos, maquiagem, colorações e produtos de skincare nessa faixa etária. O documento busca prevenir riscos à saúde associados à exposição precoce a substâncias químicas.
Segundo a SBP, o aumento do consumo de produtos cosméticos acompanha a maior exposição a conteúdos de beleza em redes sociais e o número crescente de diagnósticos de puberdade precoce, especialmente entre meninas. O fenômeno preocupa pediatras, que alertam para os efeitos dermatológicos, hormonais e neurológicos de certos produtos.
Maquiagem: uso moderado e produtos adequados à idade
O guia ressalta que o uso frequente de maquiagem pode causar obstrução dos poros, acne e dermatites. Além disso, há risco de reações alérgicas e alterações hormonais relacionadas à presença de determinadas substâncias químicas.
A recomendação é optar por poucos produtos, escolhidos de acordo com a faixa etária. Devem ser priorizados os cosméticos hipoalergênicos, formulados para peles sensíveis e com ingredientes naturais. Em crianças, o ideal é evitar o uso sempre que possível.
Coloração capilar: restrição antes dos 15 anos
O documento orienta que procedimentos capilares sejam adiados até a adolescência. A SBP permite intervenções mínimas a partir dos 12 anos, mas apenas com produtos específicos para essa faixa etária, sem amônia, chumbo ou água oxigenada.
A recomendação é que meninos e meninas com menos de 15 anos evitem colorações definitivas e alisamentos. As opções temporárias, como pomadas e sprays coloridos, são consideradas alternativas mais seguras, desde que usadas esporadicamente.

Skincare e maquiagem na infância: quando o cuidado vira preocupação médica. Foto: Divulgação
Skincare: rotina básica é suficiente
Entre os adolescentes, cresce o interesse por rotinas de skincare inspiradas em influenciadores digitais. A SBP alerta que o uso de produtos anti-idade ou voltados para tratamento de rugas e linhas de expressão pode causar irritações e desequilíbrios cutâneos.
A entidade recomenda uma rotina simples e segura, com três etapas básicas: limpeza suave, hidratação e filtro solar diário. Produtos destinados a peles maduras devem ser evitados, já que não trazem benefícios comprovados para adolescentes.

Unhas de gel e procedimentos estéticos
Outro ponto abordado é o uso de unhas de gel e outros procedimentos estéticos de maquiagem. A SBP não recomenda o uso antes dos 16 anos, devido à possibilidade de reações alérgicas, fragilidade das unhas e exposição a solventes e colas.
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A importância da supervisão médica e familiar
O documento reforça que a rotina de beleza deve ser acompanhada por responsáveis e profissionais de saúde, respeitando as particularidades de cada fase do desenvolvimento. Além disso, incentiva pais e cuidadores a priorizarem o diálogo e o equilíbrio entre o desejo estético e a proteção à saúde.

Para a SBP, o objetivo não é restringir a expressão individual, mas garantir que o uso de cosméticos ocorra de forma segura, informada e compatível com a idade.