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Bancos brasileiros podem ser punidos por cumprir sanções dos EUA, diz Moraes
Ed Alves CB/DA Press
Política

Bancos brasileiros podem ser punidos por cumprir sanções dos EUA, diz Moraes

Correio Braziliense

Ministro, alvo da Lei Magnitsky, afirma que decisões estrangeiras só têm efeito no Brasil após validação judicial; mercado reage a incertezas sobre bloqueio de ativos

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou nesta quarta-feira (20/8) que bancos brasileiros podem sofrer punições da Justiça caso acatem às sanções impostas pelos Estados Unidos e bloqueiem ativos localizados no Brasil, conforme previsto na Lei Magnitsky.

“Os tribunais brasileiros podem punir instituições financeiras nacionais que bloquearem ou confiscarem ativos domésticos em resposta a ordens norte-americanas”, disse em entrevista à Reuters.

O magistrado recebeu sanções do governo de Donald Trump no fim de julho, coincidindo com a elevação de tarifas sobre produtos brasileiros, em retaliação ao julgamento de Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo.

Moraes reconheceu que a atuação da Justiça em relação aos bancos brasileiros que têm operações nos EUA é da aplicação da lei norte-americana. No entanto, afirmou que decisões de tribunais e governos estrangeiros só podem ter efeito no Brasil após validação por meio de um processo doméstico. “Da mesma forma, se os bancos resolverem aplicar a lei internamente, eles não podem. E aí eles podem ser penalizados internamente”, emendou. 

Na última segunda-feira (18), o ministro Flávio Dino decidiu que leis e atos estrangeiros não produzem efeitos automáticos no Brasil, salvo em casos de homologação judicial ou cooperação internacional. 

Embora a decisão esteja vinculada a um processo sobre as tragédias de Mariana e Brumadinho, a interpretação de agentes econômicos é de que ela também alcança o episódio envolvendo Moraes. 

O parecer provocou reação no mercado ao sugerir que bancos poderiam ser punidos caso cumpram a Lei Magnitsky, aplicada pela Casa Branca a Moraes e que, entre outras restrições, impede o ministro de realizar movimentações financeiras nas instituições.

Correio Braziliense

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