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Banco Central mantém taxa de juros a 15% pela 4ª vez seguida
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Brasil/Mundo

Banco Central mantém taxa de juros a 15% pela 4ª vez seguida

Istoé

O Copom (Conselho de Política Monetária) do Banco Central (BC) decidiu manter a taxa básica de juros e a Selic segue a 15% ao ano. Esta é a quarta reunião seguida em que o Conselho decide pela manutenção do nível de juros.

De acordo com o comunicado emitido pelo Comitê, a decisão foi unânime entre os membros. Entre os fatores que basearam a decisão estão os dados que mostram o mercado de trabalho ainda pressionado e a inflação ainda acima do centro da meta, impulsionada especialmente pela inflação do setor de serviços. As tarifas comerciais impostas pelo Brasil aos EUA também foram mencionadas.

O Copom segue citando a necessidade de uma política monetária contracionista por “período bastante prolongado”.

“O Comitê segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil, e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza. O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”.

Quando começa o ciclo de afrouxamento?

A manutenção da Selic em 15% ao ano era consenso há semanas entre os analistas, com expectativa de início de corte na taxa para 2026. A dúvida no mercado era se esse ciclo de afrouxamento começaria já na reunião de janeiro ou apenas a partir de março.

Com o comunicado desta quarta, analistas já passaram a ver um corte em um horizonte mais distante. “A gente já imaginava o Copom deixando aberta a possibilidade de corte de juros para os próximos meses, mas ele não fez isso. Pelo contrário, manteve uma comunicação dura, dizendo que essa política contracionista de juros tem que ficar por um período bastante prolongado, e isso faz com que aquela chance de cortar os juros na próxima reunião de janeiro, fique descartada”, avalia Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital.

A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitoria, diz que mantém a expectativa de início da flexibilização a partir de janeiro de 2026, mas condicionada a nova evolução positiva do cenário. “Projetamos nova queda da inflação nos próximos meses, com a atividade desacelerando, o que deve resultar em novas revisões de baixa das expectativas e abrir espaço para o início dos cortes no começo de 2026”.

Mas Vitoria vê o mercado dividido sobre a expectativa para a reunião de janeiro. “O Comitê ainda não abriu espaço para discussão do início da flexibilização, o que vai deixar o mercado dividido para a próxima reunião”.

Juros nos EUA

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed) cortou a taxa de juros dos Estados Unidos em 25 pontos-base (bps), sendo a terceira redução consecutiva na taxa. A decisão de um novo corte era amplamente esperada pelo mercado, e jogou a taxa de juros para uma banda de 3,5% a 3,75%.

A decisão do Fed foi de outra votação dividida, sem unanimidade.

Já na última reunião do Fomc, que teve um corte de igual magnitude, os diretores já haviam ficado divididos, com Stephen I. Miran votando por um corte de 50 bps ao passo que Jeffrey R. Schmid optou pela manutenção da taxa.

Esse racha vem em meio a uma pressão da Casa Branca, com Donald Trump dando diversas declarações pressionando por cortes mais intensos na taxa básica de juros.

O panorama tem conexão com a dinâmica de sucessão da cadeira de chair do Fed, atualmente ocupada por Jerome Powell. O mandato de Powell finda em maio e, com isso, um novo substituto deve ser anunciado logo em seguida.

Entretanto, Trump já deu declarações citando que deve escolher o sucessor para chefiar o BC americano ainda antes do fim deste ano, ou então no início de 2026.

Leia a íntegra do comunicado do Copom

O ambiente externo ainda se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, com reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário exige cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores segue apresentando, conforme esperado, trajetória de moderação no crescimento da atividade econômica, como observado na última divulgação do PIB, enquanto o mercado de trabalho mostra resiliência. Nas divulgações mais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes seguiram apresentando algum arrefecimento, mas mantiveram-se acima da meta para a inflação.

As expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus permanecem em valores acima da meta, situando-se em 4,4% e 4,2%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o segundo trimestre de 2027, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 3,2% no cenário de referência (Tabela 1).

Os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, seguem mais elevados do que o usual. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada, tendo impactos sobre o cenário de inflação; (ii) uma desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza; e (iii) uma redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários.

O Comitê segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil, e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza. O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado.

O Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 15,00% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê avalia que a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que, como usual, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Gabriel Muricca Galípolo (presidente), Ailton de Aquino Santos, Diogo Abry Guillen, Gilneu Francisco Astolfi Vivan, Izabela Moreira Correa, Nilton José Schneider David, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

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