Alckmin celebra corte de tarifas dos EUA; Brasil passa de 36% para 22% de itens taxados
Avanço
O vice-presidente presidente Geraldo Alckmin disse, nesta sexta-feira (21), que a decisão do governo norte-americano de retirar a tarifa de 40% sobre alguns produtos brasileiros foi o maior avanço nas relações entre Brasil e EUA desde o início das negociações.
Segundo ele, 238 produtos saíram do tarifaço. Na lista, estão: açaí, manga, raízes, tubérculos, café, carnes e fertilizantes.
Ainda segundo Alckmin, o país estava com 36% dos produtos tarifados e, com a decisão de Trump desta quinta-feira (20), houve uma redução para 22%. Entre os produtos que ainda estão tarifados, estão: pescados, mel , uvas e produtos industriais.
O vice-presidente disse ainda que o Planalto recebeu com otimismo o fato de o governo norte-americano não ter citado acontecimentos da política brasileira nas questões envolvendo o tarifaço.
"Nós dissemos que estávamos otimistas e continuamos otimistas, e o trabalho não terminou. O governo Trump deixou claro o bom entendimento e a boa parceria em não citar a política brasileira nas questões envolvendo o tarifaço"
Alckmin disse ainda que o governo dos EUA deve reembolsar de forma retroativa os produtos cobrados, já que pela decisão as regras entraram em vigor a partir de 13 de novembro. O valor, no entanto, não foi informado.
Questionado sobre o avanço nas medidas de autoridades em relação à Lei Magnitsky, o vice-presidente apenas disse que as negociações continuam.
Governo quer derrubar sanções a ministros
O governo Lula avalia que a decisão dos Estados Unidos de revogar tarifas de 40% abre uma nova janela de negociação para tentar derrubar as sanções impostas a autoridades do país pela Lei Magnitsky. Entre as medidas punitivas em vigor estão restrições que atingem ministros e integrantes do Supremo Tribunal Federal, como Alexandre de Moraes e Alexandre Padilha, que tiveram vistos suspensos.
Segundo integrantes da diplomacia brasileira, a retirada das sobretaxas — anunciada por Donald Trump após encontro com Lula na Malásia — cria um ambiente mais favorável para ampliar o diálogo político entre os dois governos. Antes de embarcar para a África do Sul, onde participa da cúpula do G20, o presidente convidou Trump a visitar o Brasil e afirmou querer ‘zerar qualquer celeuma política e comercial’ entre os países.
Para Lula, o gesto representa um possível início de normalização das relações bilaterais.
‘Acho um bom sinal, e nós precisamos estar preparados. Ele está convidado para vir quando quiser, e espero ser convidado para ir a Washington para a gente poder zerar qualquer celeuma’, disse.
Nos bastidores, o Itamaraty articula para ampliar a lista de produtos beneficiados e avançar sobre as sanções contra autoridades brasileiras. A orientação é interpretar politicamente o gesto de Trump sem emitir agradecimentos explícitos, a fim de evitar ruídos diplomáticos.